Brasil

Coordenadores do IBGE veem risco à Pnad Contínua

Coordenadoes divulgaram uma carta em que explicitam uma série de dificuldades para a realização do levantamento, o que coloca em risco a qualidade dos dados


	Trabalhador do IBGE: Pnad Contínua mostra a taxa de desemprego em todo o País
 (Divulgação/IBGE)

Trabalhador do IBGE: Pnad Contínua mostra a taxa de desemprego em todo o País (Divulgação/IBGE)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2014 às 20h11.

Rio - Os coordenadores estaduais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que mostra a taxa de desemprego em todo o País, divulgaram uma carta entregue à direção do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) em que explicitam uma série de dificuldades para a realização do levantamento, o que coloca em risco a qualidade dos dados.

As queixas vão desde a falta de veículos e motoristas para a coleta de informações em campo até a falta de supervisão e treinamentos de funcionários.

O documento, assinado por 20 coordenadores, foi entregue nesta sexta-feira, 23, à presidente do órgão, Wasmália Bivar, que se reuniu ontem com os servidores para debater as dificuldades enfrentadas na confecção da Pnad Contínua.

A pesquisa foi o estopim da atual crise enfrentada pelo instituto.

O embate entre a direção do IBGE e servidores começou em 10 de abril, quando Wasmália anunciou a suspensão até janeiro do calendário de divulgações da Pnad Contínua, sob o argumento de aprimorar o cálculo da renda domiciliar para atender a exigências da lei que determina o indicador como base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados.

Houve suspeitas de ingerência externa no órgão, porque a decisão foi motivada por questionamentos de senadores. A crise provocou o pedido de desoneração de duas diretoras, e 18 coordenadores ameaçaram uma entrega coletiva de cargos.

Após semanas de discussões, a direção do IBGE voltou atrás e decidiu manter a divulgação prevista para 3 de junho.

No entanto, servidores descontentes confirmaram uma greve no órgão a partir de segunda-feira, 26.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (ASSIBGE-SN) informou que as assembleias regionais já aprovaram a convocação de paralisação em 13 das 32 unidades no País.

Por enquanto, a greve está confirmada no Rio de Janeiro, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Novas assembleias regionais serão realizadas até terça-feira que vem, para mobilizar e votar a adesão de servidores ao movimento grevista nas demais unidades.

O IBGE não se manifesta oficialmente sobre a paralisação, mas comunicou que as divulgações de indicadores previstas para os próximos dias estão mantidas, entre elas a das Contas Nacionais Trimestrais na próxima sexta-feira, 30, que mostrará os resultados do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2014.

O sindicato afirma que a próxima divulgação da Pnad Contínua será assegurada pelos próprios grevistas, mas que o andamento das outras pesquisas pode ser afetado.

"Se estamos dizendo que há problemas com recursos para apuração e análise de dados, mas eles não são solucionados, pode ser que isso comprometa a pesquisa sim", declarou Ana Magni, diretora da Executiva Nacional do ASSIBGE.

Os grevistas reivindicam a saída imediata da atual presidente do IBGE, Wasmália Bivar, dos membros do Conselho Diretor e dos chefes de unidade com mais de quatro anos no cargo.

Os servidores também criticam a contratação de trabalhadores temporários e pedem concurso público para preenchimento de mais de quatro mil vagas, além de valorização salarial ao mesmo patamar que órgãos como Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários.

Acompanhe tudo sobre:EstatísticasIBGEPNAD

Mais de Brasil

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'