Para o presidente do IBGE, o reconhecimento é maior à medida em que legislação brasileira se adapta às novas situações (AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2011 às 19h27.
Rio de Janeiro - Sessenta mil brasileiros declararam viver com cônjuge do mesmo sexo no Censo 2010. Foi a primeira vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levantou em todo o País o número de casais gays. "É natural que ocorra subnotificação quando questões são tratadas pela primeira vez", comentou o presidente do órgão, Eduardo Nunes.
Em 2007, o instituto incluíra a pergunta em uma contagem parcial realizada em municípios com até 170 mil habitantes. No Censo 2010, a maior concentração absoluta de casais formados por pessoas do mesmo sexo foi verificada na Região Sudeste (32.202).
Nunes citou o aumento do número de pessoas que se declararam pretas nos últimos levantamentos para explicar o que poderá ocorrer em relação aos casais do mesmo sexo nas próximas pesquisas. "A declaração da proporção de população preta aumentou bastante, não porque aumentou a fecundidade nesse grupo, mas porque o sentimento de pertencimento cresceu, e a consciência é maior. Quanto maior é a consciência, maior é a resposta afirmativa", declarou o presidente do IBGE. "É certo que nos próximos censos esse número tenderá a aumentar, o que não significará dizer que haverá mais casais do mesmo sexo se unindo", acrescentou.
Para o presidente do IBGE, o reconhecimento é maior à medida em que legislação brasileira se adapta às novas situações, com mudanças no imposto de renda, na Previdência Social e em seguros saúde prevendo direitos para casais do mesmo sexo. "Ao se perceber que esse direito é uma conquista de fato, também do ponto de vista social teremos mais informação".
O número de 60.002 casais representa 0,16% do total de cônjuges do País. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais realizou, durante coleta de dados do Censo, uma campanha para que os homossexuais declarassem sua condição. O tema da campanha era: "IBGE: se você for LGBT, diga que é!".