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Ibama e Inpe lançam calendário para divulgar desmatamento

Calendário já está valendo, uma vez que os dados de agosto, setembro e outubro serão divulgados ainda neste mês


	Dados sobre desmatamento: a partir do ano que vem, a divulgação ocorrerá quatro vezes ao ano
 (Ricado Lima/Getty Images)

Dados sobre desmatamento: a partir do ano que vem, a divulgação ocorrerá quatro vezes ao ano (Ricado Lima/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 16h29.

Brasília - O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Volney Zanardi, e o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Fernando Perondi, lançaram hoje (7) um calendário formal para divulgação dos dados do Sistema de Detecção de Mapeamento em Tempo Real (Deter).

O calendário já está valendo, uma vez que os dados de agosto, setembro e outubro serão divulgados ainda neste mês. A partir do ano que vem, a divulgação ocorrerá quatro vezes ao ano. Os dados de novembro, dezembro e janeiro serão apresentados em fevereiro; os alertas de fevereiro, março e abril, em maio; e os de maio, junho e julho, em agosto.

“É um novo calendário e as informações serão mais quantitativas”, explicou Zanardi. Recentemente, foram divulgados na mídia comentários segundo os quais os dados do desmatamento na Amazônia estavam sendo escondidos pelo governo,

Zanardi informou ainda que, a partir de agora, as coordenadas geográficas não serão mais divulgadas, por uma questão de segurança dos fiscais ambientais.

Usado desde 2004, o sistema funciona como alerta para as equipes de fiscalização e combate ao desmatamento que atuam na região. “Nunca foi mensal. O acordo é fundamental para organizar o processo de produção de informação para fiscalização”, afirmou. Zanardi explicou também que as equipes do Ibama que atuam em campo visitam os pontos de alerta, mas muitas vezes se deparam com espelhos d’água ou queimadas nos locais que o Deter apontou como desmatados.

Durante a entrevista coletiva, o presidente do Ibama ressaltou, diversas vezes, que os relatórios começaram a ser usados por grileiros que atuam na região. “Os dados estão sendo usados sem critério e começaram a alimentar a própria cadeia criminosa”, alertou. Para ele, tal uso compromete a eficácia do trabalho dos fiscais e expõe as equipes a um risco maior em campo.

Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano de Menezes Evaristo, madereiros ilegais estão atuando em desmatamentos multiponto, ou seja, abrem várias frentes de em diferentes partes de uma área e vão avançando na derrubada das árvores. “Enquanto esse desmatamento está pulverizado, o Deter não enxerga porque satélite de baixa resolução significa que não enxerga bem”, reforçou.

Responsável pelo trabalho das equipes de fiscalização, Menezes disse que está confirmado o uso dos dados do Deter pelo crime organizado na região. “O infrator começou a usar as informações do geoprocessamento. Nós, da fiscalização, sempre pedimos para não divulgar dados do Deter antes de fecharmos as operações”, afirmou.

Luciano Menezes informou que as equipes do Ibama que participaram da Operação Castanheira, em parceria com a Polícia Federal, continuam procurando dois grileiros que são considerados os mais perigosos da região. Conhecidos apenas pelos primeiros nomes, Castanha e Ismael estão foragidos, desde que membros da organização mantida por eles na região da rodovia BR-163, uma das mais afetadas pelo crime, foram presos preventivamente depois de um flagrante.

“Enquanto esses dois não forem prensos, não podemos soltar dados georreferenciados da BR-163, porque temos que pegá-los. E eles têm um sistema de legalização das terras. do qual participam servidores públicos e que vamos desbaratar em breve”, afirmou Menezes. Ele antecipou que as equipes do Ibama estão espalhadas em nove áreas consideradas críticas na Amazônia, que respondem por 70% de todo o desmatamento da região.

Perondi explicou, por sua vez, que os sistemas estão passando por aperfeiçoamentos e que o Inpe já está testando imagens de um satélite de maior resolução que vai alimentar o que estão chamando de Deter B. “Será baseado no sensor AWiFS, que monitora polígonos menores que 25 hectares e detecta desmatamentos superiores a 6,25 hectares.”

O novo sensor é capaz de discriminar desmatamentos por corte raso, corte seletivo e degradação florestal, por ter resolução de 60 metros (m) contra os 250m de resolução do atual equipamento. “Ele proporciona informação mais precisa, e estaremos atingindo a demanda de ter um sensor menos míope”, afirmou.

O diretor do Inpe informou que a formalização do uso desse novo equipamento só ocorrerá no final do primeiro semestre de 2015, mas há estão sendo feitos pilotos para monitoramento e captação de imagens que serão usadas no aperfeiçoamento do sistema.

Não foram divulgados novos dados de desmatamento nesta sexta-feira. Zanardi e Perondi explicaram que os números preliminares do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes), que usa sensores com resolução maior, capazes de captar de 20m a 30m, são usados como dado oficial para medir a taxa de desmatamento. Esses dados serão consolidados e apresentados até o dia 20 deste mês.

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