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Hospitais de campanha do Rio apresentam sinais de deterioração

Comissão da Alerj reprovou sete unidades — uma delas, em Friburgo, tem até goteira no que seria o CTI

Leitos do hospital de campanha do Maracanã, no Rio de Janeiro, durante pandemia de coronavírus (Mauricio Bazilio/Getty Images)

Leitos do hospital de campanha do Maracanã, no Rio de Janeiro, durante pandemia de coronavírus (Mauricio Bazilio/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 25 de junho de 2020 às 07h53.

No centro de uma investigação sobre desvios de recursos na Saúde do Rio, sete hospitais de campanha — cinco deles ainda em construção —, foram reprovados durante uma vistoria feita pela Comissão de Fiscalização de Gastos no Combate à Covid-19 da Assembleia Legislativa. O documento também apontou indícios de que os hospitais ainda não entregues estão muito longe de ficarem prontos —alguns já apresentam sinais de deterioração antes mesmo de terem aberto as portas.

O hospital de Nova Friburgo, que teve três datas para inauguração anunciadas, foi vistoriado no dia 11 de junho. Na visita, o grupo constatou que o local está com a parte da estrutura adiantada, inclusive com sistema de esgoto e de rede de gás. Mas “não possui leitos nem equipamentos, nem climatização interna, o que gera goteiras dentro da unidade, inclusive na área do CTI”. Os responsáveis pela obra, segundo o relatório, garantiram que a climatização amenizará o problema.

O hospital de Casimiro de Abreu estava, em 17 de junho, “abandonado” e só tinha “divisórias, lonas e piso”. As goteiras eram tantas que deixavam poças na tenda principal. No mesmo dia, a unidade de Campos de Goytacazes foi visitada. O quadro era de obra abandonada. “Logo na entrada do terreno, havia materiais de piso expostos ao tempo”, diz o relatório.

Mesmo nos dois únicos hospitais de campanha que estão em funcionamento, o do Maracanã e o de São Gonçalo, a vistoria listou falhas. A unidade do Maracanã recebia menos pacientes do que podia. Na unidade de São Gonçalo, inspecionada no fim do mês passado, foram constatadas “inúmeras obras sendo realizadas no local, como a instalação da rede de esgoto”. Aberta em 19 de junho, a unidade estava destinada a receber 200 pacientes, 80 deles na UTI, mas só tem dez internados, total de respiradores de que dispõe.

Nesta quarta-feira, quando o ex-secretário Edmar Santos faltou a um depoimento marcado na Casa , o Legislativo divulgou um relatório com críticas à falta de transparência do governo estadual sobre a aplicação de R$ 256 milhões já pagos à organização social Iabas, responsável pelas obras.

As inspeções foram feitas pelo deputado estadual Renan Ferreirinha (PSB), relator da comissão. O relatório, aprovado ontem por unanimidade, dá 48 horas para que o governo estadual informe as despesas já realizadas no combate ao vírus.

— Nossas vistorias dão conta de que a estratégia de ampliar a capacidade de atendimento na rede pública durante a pandemia não passou de proselitismo político. O suposto cronograma das inaugurações não passou de um mero protocolo de intenções, visto que não houve qualquer correspondência com a realidade — disse Ferreirinha.

O documento foi encaminhado ao Ministério Público e à Defensoria Pública do Estado. A Secretaria estadual de Saúde informa em nota que há 17 leitos ocupados no hospital de São Gonçalo, e 59 no do Maracanã.

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