José Mariano Beltrame e Luiz Fernando Pezão: secretário de Segurança anunciou que, a partir de segunda-feira, 2 mil homens vão reforçar policiamento nas ruas (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2014 às 21h10.
Rio de Janeiro - O número de homicídios decorrentes de intervenção policial, antes chamados de auto de resistência, aumentou de 38, em março de 2013, para 47, em igual mês de 2014. Os dados foram divulgados hoje (2) pelo Instituto de Segurança Pública.
Nos casos de latrocínio (roubo seguido de morte), o total caiu de 11 para nove. Já o número de ocorrências de lesão corporal seguida de morte aumentou de um para cinco.
Os dados mostram que os roubos a residência caíram 10,1% – de 139 para 125. Os estupros diminuíram 5,7%, chegando a 479 casos em março de 2014. Foram registrados 2.757 casos de estelionato, redução de 9,9%.
O balanço aponta também que, em março de 2014, foram 2.387 apreensões de drogas, 4,7% a menos do que em igual período do ano passado.
Além disso, foram apreendidas 759 armas, um aumento de 5,6%; e 2.355 veículos foram recuperados, 45,4% a mais.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, anunciou que, a partir de segunda-feira (5) 2 mil homens vão reforçar o policiamento nas ruas.
De acordo com ele, apesar dos índices de violência, o quadro geral da segurança pública no estado tem melhorado com o trabalho feito nas unidades de Polícia Pacificadora (UPP).
“Se nós olharmos o tempo histórico de 2007 para cá, o filme ainda é muito bom. Mas se fizermos alguns cortes, se nós analisarmos algumas fotografias, nós temos situações, sim, difíceis, mas esperamos agora gerar ostensividade e trazer esses índices de criminalidade para patamares menores.”
Quanto ao número de homicídios decorrentes da ação policial, Beltrame afirma que o dado também vinha apresentando queda na faixa de 30%. Porém, a necessidade de operações policiais pode ter levado a esse aumento.
“São alguns trabalhos [em] que a polícia teve que ir para o confronto em certas áreas”, disse.
“Isso só dá a resposta que a UPP é a saída. Só que não dá para fazer UPP a toda hora, em todo lugar, então a gente tem que fazer operações temporárias. E quando você entra em alguns lugares, historicamente conflagrados, está sujeito a se fazer isso [auto de resistência].”
O assessor de direitos humanos da Anistia Internacional, Alexandre Ciconello, avalia que o número de homicídios em geral está muito alto.
“O índice de resolução dos homicídios é muito baixo, ainda mais os homicídios decorrentes de intervenção policial, chamados autos de resistência. É muito difícil você ter uma investigação que aponte realmente se houve uso abusivo da força nesses casos, se foi uma execução sumária, se realmente foi um homicídio que possa ter sido em decorrência da intromissão policial que possa ter sido legítima.”
Para ele, a polícia precisa mudar a forma de atuar para respeitar os direitos dos cidadãos.
“O policiamento tem que ser orientado também numa perspectiva de respeitar os direitos dos cidadãos, e não pelo enfrentamento, que tem provocado mortes, balas perdidas. A população em geral, fica muitas vezes no meio, de um lado [estão] as facções criminosas e do outro uma polícia que age de forma a não saber respeitar os parâmetros internacionais de uso proporcional dessa força.”
Segundo Ciconello, o índice de resolução dos homicídios no Brasil fica entre 5% a 8%.