Brasil

H&M e Zara são acusadas por ONG britânica de vínculos com desmatamento no Brasil

Inditex, matriz da Zara, disse que leva as acusações muito a sério e solicitou os resultados da investigação independente

Investigação: Zara e H&M podem estar ligadas a desmatamento no Brasil (Manaure Quintero/Bloomberg)

Investigação: Zara e H&M podem estar ligadas a desmatamento no Brasil (Manaure Quintero/Bloomberg)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 12 de abril de 2024 às 06h42.

Última atualização em 12 de abril de 2024 às 06h59.

A ONG britânica Earthsight acusa em relatório as empresas do setor têxtil H&M e Zara de estarem ligadas a atividades de desmatamento ilegal em larga escala no Brasil, além de apropriação de terras, corrupção e violência nas plantações de algodão de empresas terceirizadas.

Com base em imagens de satélite, decisões judiciais, registros de envio de produtos e investigações confidenciais, a Earthsight compilou e analisou dados publicados em um relatório publicado nesta quinta-feira, 11, entitulado: "Crimes da moda: gigantes europeus da moda vinculados ao algodão sujo no Brasil".

A ONG afirma que acompanhou a viagem de 816 mil toneladas de algodão procedentes de duas das maiores empresas agroindustriais do Brasil - a SLC Agrícola e o Grupo Horita -, no oeste do estado da Bahia.

Histórico ilícito

As famílias brasileiras proprietárias das fazendas têm "um histórico pesado de processos judiciais, condenações por corrupção e milhões de dólares em multas por desmatamento ilegal", denuncia a ONG. E desenvolvem suas atividades em uma parte da região do Cerrado, bioma famoso pela riqueza de sua fauna e flora.

As toneladas de algodão seguiram para oito fábricas têxteis da Ásia, onde são abastecidas as duas gigantes da 'fast fashion', a espanhola Zara e a sueca H&M. Todo o algodão estava certificado como "sustentável" pela organização sem fins lucrativos 'Better Cotton' (BC), segundo a Earthsight.

"Para garantir que o algodão procede de uma fonte ética, as duas empresas se baseiam no algodão fornecido pelos agricultores certificados pela Better Cotton, o sistema de certificação de algodão sustentável mais conhecido do mundo, mas que tem lacunas profundas", lamenta a Earthsight.

O que dizem as empresas

"Levamos muito a sério as acusações contra a Better Cotton, que proíbe estritamente práticas como usurpação de terras e desmatamento em suas especificações de condições", respondeu à AFP a Inditex, matriz da Zara. O grupo afirmou que solicitou os resultados da investigação independente "o mais rápido possível".

A H&M declarou à AFP que "as conclusões do relatório da Earthsight são muito preocupantes e as levamos muito a sério". O grupo sueco afirma que foi "um dos primeiros a passar para o algodão 100% orgânico, reciclado ou de origem sustentável" e que está "acompanhando as conclusões da investigação" em diálogo estreito com a Better Cotton.

Auditoria independente

A organização Better Cotton disse à Earthsight que "confiou a um auditor independente a missão de fazer visitas de verificação reforçadas" após a divulgação do relatório da ONG.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que tem entre seus membros os produtores denunciados, informou que havia trabalhado com eles para fornecer à Earthsight evidências para contrapor o relatório.

"Infelizmente, estas foram largamente ignoradas. (...) A Abrapa condena inequivocamente quaisquer práticas que prejudiquem a conservação ambiental, violem os direitos humanos ou prejudiquem as comunidades locais", disse.

Os Estados-Membros do Conselho Europeu aprovaram no mês passado uma legislação que cria um "dever de vigilância" que impõe às empresas da UE obrigações para proteger o meio ambiente e os direitos humanos em suas cadeias de produção em escala mundial.

Acompanhe tudo sobre:ZaraDesmatamentoRoupas

Mais de Brasil

Esquema de segurança para o G20 no Rio terá sistema antidrone e varredura antibomba

Governo decide que não vai colocar grades no Palácio do Planalto

Explosões em Brasília são investigadas como ato terrorista, diz PF

Sessão de hoje do STF será mantida mesmo após tentativa de atentado