Henrique Eduardo Alves: uma das empresas envolvidas foi a OAS (Ueslei Marcelino/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 6 de junho de 2017 às 14h13.
O procurador da República Rodrigo Teles disse haver indícios de que o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, preso hoje (6) em Natal, solicitou e recebeu recursos ilícitos de ao menos quatro empreiteiras para sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014, da qual saiu derrotado.
Segundo a investigação, ao menos R$ 7,5 milhões em recursos ilícitos teriam sido recebidos pelo ex-ministro, que também usou o dinheiro para despesas pessoais.
Uma das empresas envolvidas foi a OAS, responsável pela construção da Arena das Dunas, sede da Copa do Mundo de 2014 em Natal. As investigações in dicam que Alves atuou junto ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte para atrasar em anos as ações de fiscalização do órgão, que havia identificado o superfaturamento da obra.
Em troca, o político recebeu uma doação oficial de R$ 3 milhões da OAS por meio Diretório Estadual do PMDB, afirmaram os investigadores, bem como outros R$ 650 mil diretamente. Negociações parecidas teriam ocorrido junto às empreiteiras Odebrecht (R$ 3 milhões não declarados), Carioca Engenharia (R$ 400 mil) e Andrade Gutierrez (R$ 100 mil).
As investigações foram conduzidas em parceira com a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontaram operações suspeitas, como o saque de grandes quantias em dinheiro a poucos de dias da eleição de 2014.
"A gente analisando a propria época desses saques de valores em espécie nota, inclusive, um saque de R$ 2 milhões em espécie poucos dias antes do segundo turno, o que gerou a suspeita de que esses recursos possam ter sido utilizados para a compra de votos", afirmou o procurador Rodrigo Teles.
Segundo os procuradores responsáveis pelo caso, Henrique Eduardo Alves teria oferecido a todas as empresas sua influência nos poderes Executivo, Legislativo e, inclusive, Judiciário em troca de propina. Ele teria agido também em conjunto com o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Nesta quarta-feira, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva na Operação Manus, incluindo aquele contra Henrique Eduardo Alves, além de seis mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada forçadamente a depor, e 22 ordens de busca e apreensão. O ex-ministro permanecerá preso em Natal, informou a PF.
Ele também investigado em um caso paralelo, conduzido pela Procuradoria da República do Distrito Federal, no qual é suspeito de ocultar R$ 20 milhões em contas no exterior. A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Henrique Eduardo Alves e aguarda retorno.