PCC: organização investigada na operação deflagrada hoje era comandada por integrantes de uma família que tinha "estreita ligação" com a facção (./Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 25 de junho de 2018 às 19h44.
Um dos sete helicópteros supostamente usados no esquema de tráfico de drogas internacional e lavagem de dinheiro investigados pela Operação Laços de Família da Polícia Federal (PF) pode ter sido usado no assassinato de Rogério Jeremias de Simone, o "Gegê do Mangue", e de Fabiano Alves de Sousa, o "Paca", em fevereiro deste ano, segundo informações da PF.
Alvo de uma emboscada na região metropolitana de Fortaleza, Simone foi apontado pelas autoridades cearenses como um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os dois helicópteros envolvidos na execução de Gegê e de Paca - incluindo um dos sete que a 3ª Vara Federal de Campo Grande (MS) autorizou a PF a apreender hoje (25), no âmbito da operação Laços de Família - foram encontrados em uma área de mata de Fernandópolis, no interior de São Paulo e, posteriormente, entregue à Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas, da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará.
Em nota, a secretaria estadual confirmou que o helicóptero Eurocopter, modelo EC130 B4, prefixo PR-YHB, encontra-se sob a guarda da pasta, de acordo com determinação da Justiça Federal e justamente por ter sido usado em uma ação criminosa.
Já inserida na frota da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas do estado, a aeronave vai passar por manutenção para então passar de missões de patrulhamento aéreo; monitoramento ambiental e de recursos hídricos; transporte de órgãos e de tecidos humanos para transplante; transporte de pessoal e resgate em acidentes. Após receber algumas adaptações, poderá também ser empregada no apoio a operações policiais, resgate em afogamentos e aeromédico em geral.
A secretaria estadual não informou se chegou a ser notificada a respeito do mandado de apreensão autorizado pela Justiça Federal, a pedido da PF. Procurado, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), que responde pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, não se pronunciou, alegando que a operação Laços de Família ainda não foi concluída e é sigilosa. A Superintendência da PF confirmou ter conhecimento de que a aeronave já tinha sido apreendida.
Segundo a PF, a organização criminosa investigada na operação deflagrada hoje era comandada por integrantes de uma única família que tinha "estreita ligação" com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e atuava a partir da fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
No total, a Justiça Federal expediu 230 mandados judiciais no âmbito da operação Laços de Família. Vinte são de prisão preventiva; dois de prisão temporária; 35 de busca e apreensão em residências e empresas.
Também foi autorizado o sequestro de 136 veículos terrestres; 25 imóveis; sete helicópteros e cinco embarcações de luxo. A Justiça Federal ainda decretou o sequestro geral de todos os bens dos 38 investigados, inclusive os que estejam em nome de empresas ligadas a eles.
Os mandados estão sendo cumpridos desde as primeiras horas da manhã de hoje, simultaneamente, em cinco estados (Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás e Rio Grande do Norte), por cerca de 211 agentes federais.
Ainda de acordo com a PF, a organização alvo da operação Laços de Família distribuía grandes quantidades de droga para várias regiões brasileiras. O produto ilícito era transportado escondido em caminhões e carretas, misturado a cargas legais.
Em contrapartida, os membros da organização recebiam joias, veículos de luxo e dinheiro que era depositado em contas bancárias aberta em nome de laranjas e de empresas de fachada. As joias e o dinheiro usado como pagamento costumava ser transportado nos helicópteros alvo dos mandados de apreensão.