Fernando Haddad (PT) virou o principal alvo dos dois adversários no segundo bloco de seu primeiro debate na TV (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de setembro de 2018 às 23h13.
Última atualização em 21 de setembro de 2018 às 09h24.
São Paulo - Tendo embates diretos com Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB), Fernando Haddad (PT) virou o principal alvo dos dois adversários no segundo bloco de seu primeiro debate na TV, realizado por emissoras de inspiração católica em Aparecida (SP), nesta quinta-feira, 20.
A organização do debate optou por sortear quem perguntava e quem respondia, ou seja, os candidatos não escolhiam seus interlocutores nos questionamentos.
Haddad vinculou Alckmin a Temer ao criticar a reforma trabalhista e o teto de gastos. O tucano, por sua vez, se posicionou favorável às mudanças trabalhistas e disse que quem escolheu Temer como vice foi o PT.
"Não precisaria de PEC do teto se não fosse o vale-tudo do PT [...] "Quem escolheu o Temer foi o PT, ele era vice da Dilma. Aliás, reincidente porque escolheram o Temer duas vezes", declarou Alckmin.
O petista rebateu dizendo que o PSDB "se uniu ao Temer para trair a Dilma". "Foi o PSDB que colocou o Temer lá".
O petista usou uma entrevista dada pelo ex-presidente do PSDB Tasso Jereissati dizendo que o ex-dirigente tucano reconheceu que o partido "sabotou" o governo Dilma.
Alckmin declarou que Haddad estava "desvirtuando" as declarações e que a entrevista defendia uma autocrítica do partido. O tucano ainda atacou o PT pelo fato de a legenda ter lançado sua candidatura "na porta de penitenciária".
Perguntando a Fernando Haddad, Henrique Meirelles (MDB) citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lembrar que foi escolhido por ele para presidir o Banco Central e disse que o governo Dilma Rousseff havia feito a confiança dos brasileiros cair.
Haddad rebateu: "Talvez o senhor tenha recuperado a confiança dos banqueiros da Faria Lima. Porque do povo esse governo não recuperou a confiança." Meirelles afirmou que o petista "não entendia" que confiança é necessária para investimentos.
"Essa crise, candidato, talvez seja o caso de você se informar melhor, foi criada pelo governo Dilma." Haddad respondeu que "ingratidão" era um dos maiores "pecados" da política, citando feitos dos governos petistas enquanto Meirelles presidiu o Banco Central.
Dobradinha
Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede), como em debates anteriores, fizeram uma dobradinha para defender um novo modelo de atendimento na rede pública de Saúde e financiamento para distribuição de medicamentos de alto custo.
Ciro Gomes chamou Marina de "estimável amiga" e elogiou o candidato a vice da presidenciável, Eduardo Jorge (PV).
Guilherme Boulos (PSOL) e Alvaro Dias (Podemos) usaram o bloco para prometer acabar com o chamado "toma lá, dá cá" em Brasília e pôr fim ao sistema "corrupto" do País.
Alvaro Dias citou que não teria "coragem" de fazer qualquer promessa sem falar em uma reforma do sistema de governança do País.
Guilherme Boulos aproveitou para alfinetar o adversário, dizendo que não bastava fazer a promessa no debate. "Você, por exemplo, Alvaro, ficou 20 anos no PSDB", lembrou.
Ausente no debate por estar internado na capital paulista, Jair Bolsonaro (PSL) foi criticado por Boulos, que lembrou campanha feita por mulheres contra o candidato do PSL e repetiu o slogan da iniciativa: "Ele não."