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Haddad: conheça a carreira meteórica do candidato de Lula

Oficialmente escolhido para concorrer a vice de Lula, Haddad foi confirmado como candidato a presidente somente no dia 11 de setembro

Haddad vota em São Paulo: sua rejeição ultrapassou 35% (Amanda Perobelli/Reuters)

Haddad vota em São Paulo: sua rejeição ultrapassou 35% (Amanda Perobelli/Reuters)

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Agência Brasil

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 09h15.

Amigo de Lula. Um título para poucos. Entre os poucos está o professor universitário Fernando Haddad, pela segunda vez alçado à condição de candidato pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A Lula, preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, Haddad jurou lealdade, assim como prometeu, na campanha eleitoral, retomar o Brasil dos governos petistas.

Apresentando-se como advogado de Lula, Haddad, durante sua curta campanha, costumava visitar o ex-presidente na prisão às segundas-feiras.

Nas peças da propaganda eleitoral, se apresentou como a voz e as pernas de Lula, mas não herdou a desenvoltura e o carisma do mestre com os eleitores. Mesmo no Nordeste, onde obtém seu melhor resultado nas pesquisas, seu nome não é bem conhecido.

Oficialmente escolhido para concorrer a vice na chapa do PT, Haddad foi confirmado como candidato a presidente somente no dia 11 de setembro. O programa de governo sintético que entregou ao TSE prevê medidas emergenciais para gerar empregos. Ele defende a revogação da reforma trabalhista e do teto dos gastos, medidas aprovadas no Congresso pelo governo Temer, e quer "enquadrar os bancos" com uma reforma bancária.

Nas primeiras pesquisas eleitorais, apareceu na faixa de 5% a 8% das intenções de voto. Com menos de um mês de campanha, ultrapassou 20%, colocando-se em segundo lugar. No mesmo período, sua rejeição ultrapassou 35%.

Ministro da Educação

Ex-ministro da Educação, Haddad promete ampliar o acesso das crianças às creches e dos jovens à escola e das crianças. Foi dele a proposta de criar o ProUni, programa que distribui bolsas de estudos para estudantes de baixa renda nas faculdades particulares.

Ele encabeçou as propostas de mudança do Fies (programa de financiamento estudantil) e do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), além de implantar o Caminho da Escola, iniciativa que distribui ônibus escolares aos municípios, e ampliar as vagas nas universidades e nos institutos federais.

Sob seu comando, o Enem sofreu um dos maiores ataques: o roubo das provas do exame. Em 2009, as provas do Enem foram furtadas dentro da Gráfica Plural, responsável pela impressão do material, por funcionários do consórcio que venceu a licitação para aplicar o exame. Naquele ano, o Enem foi adiado por dois meses.

Em 2011, Haddad sofreu críticas de setores da sociedade e do Congresso - inclusive do hoje adversário Jair Bolsonaro (PSL), deputado apoiador da bancada religiosa -, quando o MEC patrocinou o chamado "kit gay" - material de combate à homofobia que seria distribuído na rede pública de educação. Por pressão dos aliados, a impressão do material foi abortada, o que representou um desgaste político para o então ministro da Educação.

Campanha

Na véspera das eleições presidenciais, o candidato do PT escolheu o Nordeste, onde é líder, para encerrar as atividades de campanha no primeiro turno. Ele passou o sábado em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, estado governado pelo PT.

De lá, Haddad fez uma transmissão ao vivo na internet para rebater fake news. No vídeo, disse que é neto de líder religioso, casado há 30 anos, a favor dos valores da família, e defende ainda a escola como lugar para se aprender conhecimentos como ciência, arte e literatura.

Também divulgou uma carta nas redes sociais, criticando seus adversários."Eles têm a força como ideia, nós temos nossas ideias como força", afirmou.

Haddad enfrentou problemas na campanha que o deixaram na defensiva nos debates, como as constantes referências às acusações de corrupção contra o PT lembradas pelos adversários. O próprio Haddad foi denunciado no mês passado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por corrupção passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, o candidato teria recebido indevidamente R$ 2,6 milhões da empreiteira UTC para pagamento de dívidas da campanha de 2012. A assessoria do candidato disse que a denúncia se baseou em declarações do empresário Ricardo Pessoa, sem provas.

Carreira meteórica

Filiado ao PT desde 1983, chegou ao governo Lula (2004/2010) a convite do ex-ministro Guido Mantega, em 2003. Teve uma carreira meteórica. Em pouco mais de dois anos, passou de assessor do Ministério do Planejamento para secretário-executivo do Ministério da Educação e depois ministro da Educação. Ficou seis anos e meio no cargo, pegando parte do primeiro e todo o segundo mandato de Lula, além do primeiro ano de governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

No início do ano seguinte, Haddad deixou o governo para disputar a prefeitura de São Paulo, sob o patrocínio de Lula. Na primeira experiência como candidato, saiu das últimas colocações nas pesquisas de intenção de voto para a vitória nas urnas. Sua gestão não foi bem avaliada e, após quatro anos de mandato, Haddad foi derrotado em primeiro turno pelo tucano João Dória em 2016.

Filho de imigrantes libaneses, Haddad nasceu em São Paulo, no dia 25 de janeiro de 1963. É casado há 30 anos com a professora universitária Ana Estela Haddad e tem dois filhos, Frederico e Carolina. Graduado em Direito, com mestrado em Economia e doutorado em Filosofia, pela Universidade de São Paulo. Fã de rock, costuma se apresentar com amigos tocando guitarra.

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