"Numa disputa em dois turnos há sempre um cálculo a fazer para saber o que é mais interessante e isso vale para todos os partidos", disse Haddad (ABr)
Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2012 às 19h02.
São Paulo - À espera do padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do reforço prometido pela senadora Marta Suplicy, o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, vem adotando a estratégia do ataque contra o pré-candidato tucano José Serra como melhor forma de contrapor a gestão Serra/Kassab ao projeto petista. Na "lanterna" das pesquisas de intenção de voto, Haddad vem subindo cada vez mais o tom e explorando as "fraquezas" do adversário numa tentativa de se posicionar junto ao eleitorado. Nem o atual prefeito Gilberto Kassab (PSD), que chegou a ensaiar uma aproximação com o PT paulistano, escapa das críticas de Haddad
Entre as "armas" do petista contra o tucano, a mais usada é a renúncia de José Serra à Prefeitura de São Paulo em 2006, ocasião em que ele saiu para se dedicar à disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Sempre que pode, o petista lembra do documento assinado por Serra na campanha de 2004, em que ele se comprometia em cumprir os quatro anos do mandato.
"Para mim, assinar um compromisso publicamente não causa constrangimento", alfinetou Haddad durante assinatura de carta-compromisso com o Programa Cidades Sustentáveis, no dia 7 deste mês. "É preciso que as pessoas quando assinam um documento o leia com certa regularidade para não esquecer o compromisso que assumiu", cutucou na mesma ocasião.
Na última sexta-feira (9), ao ser provocado por um artigo de Serra no jornal "O Estado de S.Paulo" em que ele criticava a política para educação do governo federal petista, Haddad disparou: "Penso que é falta de traquejo com a educação". Embalado pelo tema, o ex-ministro da Educação aproveitou na segunda-feira (12) para classificar Serra de "o mais cruel ministro do Planejamento com as universidades públicas federais". No mesmo dia, sobraram críticas ao pacote de obras de Kassab.
"Há um desconforto na cidade com os últimos oito anos, mesmo que nos últimos meses se queira maquiar o que está acontecendo. Acho que o prazo é curto para se reverter a percepção que foi-se tendo em oito anos de que o tempo foi em algumas áreas perdido", afirmou.
Segundo os aliados, a decisão de partir para o ataque não passou pelo marqueteiro João Santana e tampouco foi indicada por pesquisas internas, foi uma iniciativa do próprio Haddad e do comitê da pré-campanha. O objetivo é não deixar passar a chance de criticar o arquirrival quando ela surge. "Existem problemas na cidade. O Serra virou candidato e ele deve explicações para o povo de São Paulo", justificou o vereador José Américo, um dos responsáveis pela comunicação de Haddad.
Para o deputado federal Paulo Teixeira (SP), um dos conselheiros de Haddad, o pré-candidato adota o tom certo ao fazer críticas diretas. "Haddad está rebatendo o outro candidato em sua história. Ele está dialogando com as fragilidades dele", avaliou.
As críticas, segundo os petistas, podem ajudar a marcar a posição do candidato sobre os principais problemas da cidade. "Mas não vai ser isso que vai levá-lo a crescer nas pesquisas", reconheceu o vereador. Dentro do PT, a expectativa é de que a candidatura ganhe força a partir do início do horário eleitoral, já que Haddad hoje ainda é desconhecido pelo eleitorado. "É muito difícil que ele suba significativamente (agora), não esperamos isso. Temos um imenso potencial para subir assim que ele se tornar conhecido", acrescentou.
Na opinião de Teixeira, a postura de ataque possa não deve comprometer a imagem do petista. "Ser contundente não é ser inconveniente, não é ser incorreto", afirmou. "Toda crítica consistente em cima de fatos é bem aceita pelo povo", aposta José Américo.