TEMER: presidente falou em evento a investidores em São Paulo / Rovena Rosa/Agência Brasil
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2017 às 18h39.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h00.
Copo meio cheio ou completamente vazio? Em discurso na manhã desta terça-feira, o presidente Michel Temer afirmou que seu governo chegará a 2018 com a “casa em ordem” e que as reformas da Previdência e trabalhista não serão interrompidas. “O que nos guiou foi um sentimento de responsabilidade fiscal. Se de fato nós queremos um futuro melhor, eu digo sem medo de errar, não há plano B”, disse em sua participação em evento para investidores, em São Paulo.
Estão fora da narrativa as denúncias da delação do grupo J&F, o processo que o implica na Operação Lava-Jato e a dificuldade que tem o Congresso de tocar as pautas da agenda Temer. Enquanto o governo sinaliza que está tudo bem, veio a notícia de que o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou o presidente a prestar depoimento por escrito no inquérito decorrente da delação de Joesley Batista.
A Procuradoria-Geral da República busca elementos para denunciar Temer como receptor final da mala de dinheiro entregue pela JBS ao deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Os crimes de corrupção, organização criminosa e obstrução de Justiça devem ser imputados. Oferecida a denúncia e aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Supremo, o presidente seria afastado do cargo. Cairia, assim, a promessa de 2018 — considerando, é claro, que o Tribunal Superior Eleitoral absolveria o presidente na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.
Mesmo que se desvie de todos os tiros, Temer deve reagrupar o Congresso se quiser entregar a “casa em ordem”. A ver os trabalhos na Comissão de Assuntos Econômicos, que adiou por mais uma semana a votação do relatório favorável à reforma trabalhista, a missão não será trivial. Seria bom ter um plano B à mão.