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Há indícios de crime em contas de Cunha na Suíça, diz PGR

Procuradoria informou ao STF que há indícios suficientes de que as contas na Suíça atribuídas ao presidente da Câmara são produtos de crime


	Eduardo Cunha: Ministério Público da Suíça identificou quatro contas atribuídas ao presidente da Câmara naquele país
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eduardo Cunha: Ministério Público da Suíça identificou quatro contas atribuídas ao presidente da Câmara naquele país (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2015 às 16h33.

Brasília - A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que há indícios suficientes de que as contas atribuídas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça são produto de crime.

A conclusão consta do pedido de abertura de mais um inquérito contra Cunha no âmbito da Operação Lava Jato,  aceito ontem (16) pelo Supremo.  O ministro Teori Zavascki ainda analisa pedido de quebra do sigilo fiscal do deputado.

O pedido de abertura foi baseado em informações prestadas pelo Ministério Público da Suíça, que identificou quatro contas atribuídas a Cunha naquele país.

Para a PGR, além de Cunha, a mulher dele, Claudia Cruz, era uma das beneficiárias das contas, que movimentaram cerca de US$ 24 milhões.

A suspeita é que os valores são decorrentes de propina recebida por Cunha em um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, na África.

Segundo a procuradoria, não há dúvidas sobre a titularidade das contas e da origem dos valores.

"Em relação à titularidade das contas, objeto da transferência de processo por parte da Suíça, não há a menor dúvida de sua vinculação com Eduardo Cunha e Cláudia Cruz. Os elementos nesse sentido são abundantes e evidentes. Há cópias de passaportes - inclusive diplomáticos - do casal, endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto", acrescentou a PGR.

De acordo com levantamento da procuradoria, o patrimônio de Cunha aumentou 214% entre 2002 e 2014. 

Segundo a declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral em 2014, o presidente da Câmara tem R$ 1,6 milhão em bens, mas as contas no exterior não foram declaradas.

O relatório aponta Cunha e sua mulher como proprietários de oito carros de luxo, entre eles dois veículos da marca Posrche, BMW e Land Rover. Os automóveis estão registrados nas empresas atribuídas a Cunha e Claudia Cruz, a C3 Produções e Jesus.com.

A PGR também informou que Cunha tem conta no Banco Merril Lynch, nos Estados Unidos, há mais de 20 anos. Conforme o banco, o presidente da Câmara "é um cliente de perfil agressivo e com interesse em crescimento patrimonial”.

“Sua fortuna seria oriunda de aplicações no mercado financeiro local e do investimento no mercado imobiliário carioca. Há também referências à sua antiga função de presidente da Telerj. Seu patrimônio estimado, à época da abertura da conta, era de aproximadamente US$ 16 milhões”, destacou a PGR.

Com a abertura de inquérito, Eduardo Cunha passou a ser alvo de dois processos no Supremo, originados a partir das investigações da Operação Lava Jato.

Em agosto, Janot denunciou o presidente da Câmara dos Deputados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Na denúncia apresentada ao Supremo, Janot afirmou que Eduardo Cunha recebeu U$S 5 milhões por meio de empresas sediadas no exterior e de fachada em um contrato de navios-sonda da Petrobras.

Desde o início das investigações, Cunha refirma que não recebeu propina e que não tem contas no exterior. Ontem (15) os advogados do deputado pediram ao STF que a investigação seja colocada em sigilo por envolver seus familiares.  

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