Construção da Usina Termonuclear Angra 3: independentemente da construção da usina, segundo Tolmasquim, toda demanda de energia será atendida nos próximos anos (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2015 às 13h43.
Rio - O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirmou que há um consenso no governo sobre a necessidade de permitir o investimento privado, com participação majoritária, na geração de energia nuclear.
Para isso, no entanto, será necessário alterar a Constituição e, segundo Tolmasquim, o momento político não é "propício" para que o debate seja levado ao Congresso.
"O ideal é ter um novo modelo, que permita a participação de um parceiro privado no projeto nuclear. Essa mudança vai ser discutida, mas temos que esperar o momento propício para a mudança constitucional", disse o presidente da EPE, após participar de seminário promovido pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham), nesta segunda-feira, 21.
Tolmasquim afirmou ainda que o leilão de concessão da usina de Tapajós, no Pará, deve acontecer no primeiro semestre do ano que vem. Para isso, a EPE está negociando com a Funai, já que a instalação da hidrelétrica terá impacto em áreas indígenas.
Independentemente da construção da usina, segundo ele, toda demanda de energia será atendida nos próximos anos. A queda do consumo motivada pela desaceleração da economia deve contribuir para isso.
A expectativa da EPE é que já no próximo verão seja possível reduzir o número de usinas térmicas, mais cara do que as hidrelétricas, em funcionamento, com a melhora dos reservatórios.
Atualmente, a situação mais crítica de abastecimento é da Região Nordeste, que há três anos passa por um período de seca intensa. Ainda assim, disse Tolmasquim, hoje o risco de racionamento no Nordeste é nulo.
A EPE planeja a realização de novos leilões de energia elétrica que deve auxiliar o transporte de eletricidade entre as regiões Nordeste e Sudeste.
A perspectiva é de instalação de novas linhas de transmissão, sobretudo para escoar a energia que será gerada pelas usinas eólicas no Nordeste a partir de 2018 e 2019. Tolmasquim negou que haja dificuldade atualmente para transmitir a energia eólica no Nordeste.