Agência de notícias
Publicado em 30 de setembro de 2024 às 07h05.
O cantor Gusttavo Lima foi indicado por lavagem de dinheiro e organização criminosa, de acordo com matéria exibida pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo. A reportagem mostrou detalhes da investigação que envolve o artista, que chegou a ter um pedido de prisão expedido, mas a decisão foi derrubada em segunda instância. Segundo os investigadores, o esquema envolve jogos do bicho e de azar e bets de apostas. Eles agora apuram se há irregularidades nos R$ 150 mil encontrados em um cofre na sede da empresa Balada Eventos, do sertanejo, em notas fiscais em série de pagamentos e na negociação de duas aeronaves que também eram do cantor.
Novos detalhes mostraram que a negociação de uma avião e um helicóptero que pertenciam a Gusttavo Lima estão agora no centro das investigações, já que os agentes acreditam que tenham sido usados dinheiro legal e ilegal, vindo do crime.
O jatinho, que foi apreendido em uma operação deflagrada no começo se setembro ainda em nome da Balada Eventos, foi negociado a primeira vez ano passado por R$ 6 milhões para a empresa 'Sports Entretenimento', de Darwin Henrique da Silva Filho. Segundo a polícia, ele é e uma família conhecida de bicheiros de Recife.
Dois meses depois da compra, o empresário desfez o negócio alegado problemas técnicos. No entanto, tanto o contrato como o destrato foram feitos no mesmo dia e datam de 25 de maio de 2023, e o laudo que indica o problema no avião foi feito uma semana depois, dia 29 de junho de 2023, após o cancelamento da compra.
A mesma aeronave foi vendida em fevereiro deste ano para a empresa 'J.M.J Participações', do empresário José André da Rocha Neto, sem um laudo que comprovasse o reparo do problema anterior, diz a polícia. A transação foi de R$ 33 milhões e envolveu ainda um helicóptero, que era do cantor e tinha sido comprado por outra empresa de Rocha Neto. Nesta negociação, o sertanejo recebeu a aeronave de volta.
De acordo com os investigadores, o dinheiro dos jogos do bicho e de azar eram misturados com os das bets legalizadas em um mesmo caixa. Eles apuram agora se montante irregular foi usado nas transações das aeronaves como forma de dar uma origem lícita aos recursos.
"É uma forma de lavagem, transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles", explicou o delegado Geral da polícia de Pernambuco, Renato Rocha
No escritório da Balada Evento, empresa de Gusttavo Lima, foram encontrados em um cofre R$ 150 mil, em diferentes moedas. Lá também estavam 18 notas fiscais de pagamentos da empresa 'GSA Empreendimentos', que também é do cantor, para a 'Pix Soluções'. Toda sequencias, emitidas no mesmo dia com valores fracionados, elas totalizavam R$ 8 milhões, referentes a serviços de imagem e voz. Para a polícia, os documentos, assim como o montante aprendido, também podem indicar lavagem de dinheiro.
Também está em xeque a ligação de Gusttavo Lima com o empresário Rocha Neto, envolvido na compra das aeronaves, e sua mulher, Aislla. Os dois são investigados no mesmo inquérito e que foram alvos de mandados de prisão. Para a polícia, há uma incompatibilidade entre os valores que declaram possuir à Receita Federal com o que movimentam. Em três anos, Aislla chegou a gastar R$ 2,5 milhões em dinheiro vivo em duas lojas de grife.
Entre as empresas do casal, está a 'Pix 365', que aparece nas notas encontradas e que é dona da 'Vai de Bet', empresa que tem Gusttavo Lima como garoto propaganda e acionista, com participação de 25%. O casal estava com o cantor no dia que a operação contra as bet foi deflagrada, em um iate de luxo na Grécia, alugado pelo cantor para comemora seu aniversário de 35 anos.
O cantor foi intimado a depor, mas respondeu as perguntas da polícia através de seus advogados e disse não possuir relação de intimidade com o Rocha Neto e sua esposa. Ele afirmou que os registros de compra e venda das aeronaves foram feitos sem ocultação e dissimulação, assim como os pagamentos foram efetuados em contas bancárias normais.
Gusttavo Lima também negou conhecer Darwin Filho, que segundo a polícia, é de uma família de bicheiros de Recife, e aparece como primeiro comprador de sua antiga aeronave.
De acordo com a investigação, o sertanejo só comprou 25% da empresa 'Vai de Bet' em julho deste ano, mas há a suspeita que ele fosse sócio oculto da empresa.
A dúvida surgiu após a empresa fechar um patrocínio milionário com o Corinthians, que acabou gerando uma outra investigação em São Paulo. Nela, um conselheiro do clube afirmou em depoimento que o presidente do time falou telefone com Gusttavo Lima e depois afirmou, naquela época, que o cantor era um dos donos da 'Vai de Bet'.
Como desdobramento da investigação de Pernambuco, Gusttavo Lima foi indicado pela Polícia Civil no dia 15 deste mês e o caso agora segue para análise do Ministério Público, que pode ou não denunciar o cantor. O órgão, antes de tomar a decisão, pediu mais informações aos investigadores.
A defesa de Gusttavo Lima enviou nota para o Fantástico onde afirmou que o envio de dinheiro para empresas do artista, mediante contratos assinados, não constitui nenhum ilícito. Eles dizem disseram também que o dinheiro no cofre da balada eventos era para pagamento de fornecedores e que as notas fiscais sequenciais encontradas no escritório são de valores foram declarados e os impostos pagos. A defesa afirma ainda que o contrato com a 'Pix 365' tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso. Sobre a venda das aeronaves, eles alegam que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afasta a possibilidade de lavagem de dinheiro.
A nota diz ainda que o cantor não é sócio da 'Vai de Bet', já que o contrato encontrado pela polícia indica que ele tem 25% de eventual venda da marca.
Em relação ao investigado Rocha Neto, a defesa de Gusttavo Lima disse que ele esteve junto do empresário em alguns eventos em decorrência da relação comercial.Gusttavo disse que o casal deixou o navio no dia da operação. E que o cantor voltou ao sem eles.