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Guerras comerciais não têm vencedores e 'tarifas arbitrárias' desestabilizam economia, diz Lula

Presidente criticou as tarifas de Trump e a criminalização de imigrantes, enfatizando a necessidade de defesa da democracia e do meio ambiente na Cúpula da Celac

 Lula na Celac: Presidente brasileiro defende integração latino-americana e critica tarifas de Trump, destacando desafios regionais e globais (Ricardo Stuckert / PR)

Lula na Celac: Presidente brasileiro defende integração latino-americana e critica tarifas de Trump, destacando desafios regionais e globais (Ricardo Stuckert / PR)

Agência o Globo
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Publicado em 9 de abril de 2025 às 17h25.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que guerras comerciais não têm vencedores, em meio ao tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

""A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores"" — afirmou Lula, que participa da 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), única organização que reúne os 33 países latino-americanos e caribenhos.

O evento ocorre em meio a anúncios de tarifas por parte do presidente americano, Donald Trump, e de deportações de imigrantes, incluindo latinos. Lula afirmou que a autonomia da América Latina "está novamente em cheque", com o que chamou de tentativa de "restaurar antigas hegemonias" que pairam sobre nossa região.
""A liberdade e autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente. Imigrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços"".

Defesa da democracia e da integração latino-americana

O presidente brasileiro disse que o momento exige deixar diferenças de lado e defendeu o "resgatar o espírito plural e pragmático" que uniu a região nos anos 2000.

""Nossa inserção internacional não deve se orientar apenas por interesses defensivos, precisamos de um programa de ação estruturado em torno de três temas que demandam ação coletiva, o primeiro deles é a defesa da democracia. Nenhum país pode impor seu sistema político ao outro"" — afirmou.

Lula disse que "indivíduos e empresas poderosas que se consideram acima da lei" investem contra a soberania dos países da região:
""É trágico que tentativas de golpe de Estado voltem a fazer parte do nosso cotidiano"".

Desafios climáticos e integração econômica

O presidente também pediu ação conjunta contra mudanças climáticas e afirmou que o risco de colapso da Floresta Amazônica e degelo da Antártida são pontos de não retorno que colocam em xeque a sobrevivência.

Lula ainda defendeu a integração econômica e social como forma de fortalecer as economias da região.
""Precisamos promover o comércio regional de bens e serviços, sua diversificação e crescente facilitação"" — disse. ""Nossa integração é uma tarefa inadiável, que não deve ficar a mercê de divergências ideológicas"".

O multilateralismo e os desafios da Celac

Lula defendeu o multilateralismo e disse que isso está sendo abalado com o silêncio sobre as ameaças das soberanias dos países da região.
""Não podemos nos omitir em face do embargo à Cuba, das soluções contra a Venezuela e do caos social no Haiti. É essencial retomar a nossa tradição regional de respeito ao asilo diplomático"" — afirmou, defendendo que a Celac precise atuar para eleger a primeira mulher como secretária-geral das Nações Unidas.

Fragilidade da Celac e próximos passos

A Celac vive um momento de profunda fragilidade, mas Lula e seus aliados — entre eles o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que assumirá a presidência temporária da organização — buscarão alternativas para superar uma fase de divisões.

O Itamaraty informou que o tema das tarifas não estava na pauta das negociações, até porque, quando a agenda foi preparada, não havia informação da extensão dessas tarifas.

Por outro lado, o tema da imigração será um dos destaques da Cúpula. A ideia é reativar um grupo de trabalho que existia na Celac para tratar do tema.

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