Pandora Papers: Guedes é acionista de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe (Adriano Machado/Reuters)
Alessandra Azevedo
Publicado em 5 de outubro de 2021 às 12h41.
Deputados e senadores aprovaram nesta terça-feira, 5, requerimentos para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, prestem esclarecimentos sobre movimentações no exterior por meio de offshores em paraísos fiscais.
No Senado, os dois foram convidados a ir à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em 19 de outubro. Na Câmara, apenas o ministro Paulo Guedes teve a convocação aprovada pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. A data ainda será definida.
As informações sobre as empresas foram reveladas pelo projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Os jornalistas tiveram acesso a milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais, inclusive de Guedes e Campos Neto.
Os documentos mostram que, em setembro de 2014, Guedes abriu uma offshore chamada Dreadnoughts International nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Ele fez aportes de US$ 9,54 milhões, o que equivale a mais de 50 milhões de reais na cotação atual.
Campos Neto é dono de quatro empresas, duas no Panamá, uma nas Bahamas e outra de "gestão de bens imóveis". O presidente do Banco Central, ao contrário de Guedes, afirmou em nota não ter feito operações nessas offshores depois que assumiu o cargo.
Na CAE do Senado, a ideia inicial era convocar apenas Guedes. Mas, durante as conversas, os senadores decidiram mudar para convite, o que desobriga a presença, e estender para Guedes e Campos Neto. Os dois dizem ter declarado as offshores na Receita Federal.