Brasil

Grupo nada por 5 horas para sobreviver a naufrágio em Recife

A embarcação Ekos Noronha, partiu na terça-feira, 12, rumo ao arquipélago de Fernando de Noronha e transportava material de construção e mantimentos

Fernando de Noronha (Wikimedia Commons/Divulgação)

Fernando de Noronha (Wikimedia Commons/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de setembro de 2017 às 09h50.

Última atualização em 14 de setembro de 2017 às 10h05.

Recife - Coragem e força. Essas eram as palavras que o cozinheiro e pescador João Leite, de 63 anos, gritava para os cinco companheiros.

O grupo nadou por mais de cinco horas para sobreviver ao naufrágio da embarcação Ekos Noronha, que partiu na terça-feira, 12, do Porto do Recife rumo ao arquipélago de Fernando de Noronha. Todos sobreviveram ao acidente.

O barco transportava material de construção e mantimentos. Os tripulantes foram surpreendidos por uma "virada" do clima, que provocou fortes ventos e ondas no mar.

Com coletes salva-vidas, eles nadaram 13 quilômetros até o continente, onde foram socorridos por moradores da orla de Olinda, na Grande Recife. Era a primeira viagem do Ekos nesta rota.

"O barco foi virando, enchendo de água e afundou completamente em poucos minutos. Tínhamos um bote salva-vidas, mas não deu tempo de soltar o equipamento. Graças a Deus conseguimos pegar os coletes e as boias, que tinham sinalizadores luminosos acoplados", explicou Sílvio Santos, de 44 anos, um dos tripulantes.

Ele chegou a telefonar de seu celular para a mulher minutos antes de se atirar no oceano. "Quando vi que estávamos afundando e que não havia mais o que fazer a não ser pular na água, liguei para a minha esposa e avisei o que estava acontecendo. Nem consegui ouvir direito o que ela falou porque o celular mergulhou no mar e parou de funcionar", conta.

Com outros dois naufrágios "no currículo", João Leite contou que a experiência e a união dos companheiros de viagem foram essenciais para sobreviver.

"Nem a gente sabe explicar. O mar cobriu a popa do navio e não teve condições de continuar. Foi descendo devagarinho e, em cinco minutos, já estava no fundo. Caímos na água com colete, com boia circular e nos agarramos aos materiais para chegar até a costa."

"No primeiro momento, foi o susto, mas logo depois todo mundo entendeu que só com calma e coragem a gente conseguiria. Por isso eu repetia essas palavras (coragem e fé) o tempo todo", relatou.

Socorro

Moradores de um condomínio de Olinda chamaram os bombeiros. "Estavam muito cansados, mas incrivelmente calmos e sem ferimentos graves", comentou Eduardo Lins, um dos primeiros socorristas do grupo. Dos seis tripulantes, só dois precisaram ser levados para o Hospital Naval do Recife.

Nesta quarta-feira, 13, o dono do barco, o empresário Paulo Godoy, disse à imprensa local que o Ekos havia passado recentemente por uma adequação para fazer este tipo de transporte.

O proprietário disse que o equipamento estava regulamentado e com todas as licenças em dia, o que foi confirmado pela Capitania dos Portos. No momento da partida, o barco levava 70 toneladas - quantitativo inferior ao limite máximo, de cem toneladas.

O trajeto entre a capital pernambucana e Fernando de Noronha é de aproximadamente 300 milhas náuticas, o que corresponde a 545 quilômetros. O tempo de viagem previsto era de 72 horas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:NaufrágiosRecife

Mais de Brasil

Após 99, Uber volta a oferecer serviço de mototáxi em SP

Após prever reforma ministerial até dia 21, Rui Costa diz que Lula ainda começará conversas

Fuvest antecipa divulgação da lista de aprovados na 1ª chamada do vestibular para esta quarta

Governo Lula se preocupa com o tom usado por Trump, mas adota cautela e aguarda ações práticas