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Grupo ligado a Flávio Bolsonaro emplaca nome no Ministério das Comunicações de governo Lula

O escolhido para a poderosa Diretoria de Radiodifusão Privada é o advogado Antonio Malva Neto

Juscelino Filho: Em nota, a assessoria de Juscelino afirmou que a escolha de Malva Neto se deu pelo fato de o diretor "conhecer a área" (Agência Brasil/Agência Brasil)

Juscelino Filho: Em nota, a assessoria de Juscelino afirmou que a escolha de Malva Neto se deu pelo fato de o diretor "conhecer a área" (Agência Brasil/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 2 de março de 2023 às 08h45.

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, escolheu para cuidar do setor de rádio e TV um sócio do empresário Willer Tomaz. Amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Tomaz é dono de quatro rádios e uma TV no Maranhão, reduto eleitoral do ministro, e agora terá seu sócio comandando a área de interesse direto dos seus negócios.

O escolhido para a poderosa Diretoria de Radiodifusão Privada é o advogado Antonio Malva Neto. Ele e Tomaz são sócios num escritório de advocacia. Ao Estadão, o novo diretor admitiu que não tem expertise profissional no setor. "Eu nunca atuei na radiodifusão", afirmou. Mesmo assim, o ministro enviou a indicação para a Casa Civil, que fez a nomeação sem contestações. Ao justificar a escolha, Juscelino disse que seu diretor é uma pessoa que "conhece a área".

Até o governo Jair Bolsonaro (PL), o sócio do novo diretor do Ministério das Comunicações era um advogado que atuava fora dos holofotes. A relação com o filho mais velho do presidente, porém jogou luz sobre sua influência entre políticos bolsonaristas. Na CPI da Covid, o relator dos trabalhos, senador Renan Calheiros (MDB-AL), tentou investigar Willer Tomaz por causa das relações dele com Flávio.

A estratégia política obrigou o filho do ex-presidente a expor sua relação com o empresário. Em raro discurso, Flávio disse, na ocasião, ser "injusta" a citação ao seu "amigo". Ele protocolou uma representação contra Renan na Procuradoria-Geral da República (PGR), na qual se referia ao advogado como uma pessoa de seu "convívio pessoal".

Tomaz entrou na área da comunicação privada em 2021, quando adquiriu rádios e a TV Difusora, afiliada do SBT no Maranhão. Foi para essa TV que Juscelino concedeu uma de suas primeiras entrevistas como ministro de Luiz Inácio Lula da Silva.

Procurado, Malva Neto disse que sua indicação foi "estritamente profissional". Afirmou que comunicou a OAB sobre o novo cargo e se afastou do escritório. Nos registros da Receita, porém, ele ainda aparece no quadro societário da empresa de advocacia de Tomaz.

"Chegando um pedido dele (Tomaz) ou de qualquer outro radiodifusor, vai ser atendido dentro da ordem cronológica", afirmou.

Em nota, a assessoria de Juscelino afirmou que a escolha de Malva Neto se deu pelo fato de o diretor "conhecer a área". "Foi nomeação técnica, que passou pelo crivo da Casa Civil e outras verificações. É ilação associar esse trabalho às relações societárias de terceiros", diz o comunicado.

Juscelino tem causado constrangimento no governo. Nesta semana, o Estadão revelou que ele usou avião da FAB e recebeu diárias para cumprir uma agenda majoritariamente privada em São Paulo, onde participou de leilão de cavalos.

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