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Grupo de drag queens denuncia discriminação em shopping de SP

Os dez integrantes do grupo foram barrados na entrada do Shopping Penha, na zona leste da capital paulista, na tarde deste domingo, 29

Drag queens: "foi discriminação, homofobia", contam (Getty Images)

Drag queens: "foi discriminação, homofobia", contam (Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 20h23.

Última atualização em 30 de janeiro de 2017 às 20h24.

Um grupo de drag queens foi barrado na entrada do Shopping Penha, na zona leste da capital paulista, na tarde deste domingo, 29.

"Foi discriminação, homofobia. Ficaram incomodados com a gente e arrumaram algum critério para barrar", afirma o ator Emer Conatus, de 22 anos, um dos que foi parado pelo segurança na porta do centro comercial. Em nota, o shopping lamenta o ocorrido e diz se tratar de um "fato isolado".

Conatus conta que o grupo, formado por dez pessoas, havia saído a pé do Centro Cultural Penha, no Largo do Rosário, onde fazia um ensaio, para almoçar no shopping.

Com pouco tempo para comer, cinco integrantes foram ao local "montados" - quando o drag queen está com roupas femininas e maquiagem. Outros dois usavam salto alto.

"O shopping é um espaço público e achamos que não teria problema,mas assim que chegamos fomos barrados na entrada", diz.

Segundo conta, o segurança do shopping alegou que pessoas com "maquiagem forte" não poderiam entrar no estabelecimento.

"Um dos nossos amigos, que estava sem maquiagem, conseguiu entrar, mas foi retirado. Isso mostra que não éramos bem-vindas ali", diz o ator. Foi quando o grupo decidiu ligar para a polícia.

O gerente de segurança foi chamado e disse que o grupo poderia entrar. "Depois de toda humilhação, a gente resolveu esperar a polícia", afirma Conatus.

Segundo conta, o gerente tentou justificar a medida com base na lei que proíbe a entrada de pessoas usando capacetes ou elementos que escondam o rosto.

"A maquiagem também modifica o rosto", teria dito o funcionário. "Vimos várias mulheres que estavam usando maquiagem. Por que elas podiam passar e a gente não?"

"Quando chegou a viatura, os policiais falaram que seriam imparciais, que conversariam primeiro com a gente e depois com gerente", conta o ator.

"Logo depois, eles falaram que 'nem tudo é homofobia' e que 'às vezes, o preconceito parte de nós mesmos'. Isso já desanimou", diz.

Segundo Conatus, os policiais concluíram que, após falar com as partes, não se tratava de discriminação, mas de um "procedimento interno" do shopping. Após cerca de uma hora, o grupo entrou no estabelecimento.

Em nota, o shopping afirma que "posiciona-se como um empreendimento voltado à comunidade, sem qualquer tipo de discriminação (por orientação sexual, social, racial, religiosa, política), e que está de portas abertas para receber seus visitantes".

"O Shopping Penha lamenta e reforça que o ocorrido foi um fato isolado e não condiz com a política do empreendimento", diz o comunicado. "A equipe de segurança já foi fortemente reorientada a fim de que atitudes como essa não ocorram novamente."

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