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Greve de fiscais afeta indústria de carne, soja e milho

A greve dos fiscais, que concedem autorizações para abate de animais e transporte da carnes, além de liberações de cargas como soja e milho nos portos, começou na segunda-feira


	 

	Estande de carnes em supermercado: a associação dos exportadores de suínos ainda tem esperanças numa solução rápida para o problema (Germano Lüders/EXAME.com)

  Estande de carnes em supermercado: a associação dos exportadores de suínos ainda tem esperanças numa solução rápida para o problema (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2012 às 19h10.

São Paulo - Os entraves provocados pela greve de fiscais agropecuários podem levar indústrias de carnes a parar as linhas de produção em dois ou três dias, ameaçando o abastecimento, além de atrasar embarques de grãos do Brasil, disseram representantes do setor nesta quarta-feira.

A greve dos fiscais, que concedem autorizações para abate de animais e transporte da carnes, além de liberações de cargas como soja e milho nos portos, começou na segunda-feira.

As indústrias de aves e suínos dizem que, com a paralisação, não conseguem realizar os abates e o escoamento da produção até os portos de exportação, por exemplo. Além disso, há risco de faltar produto nos supermercados.

"Algumas empresas já estão advertindo que se não houver interrupção imediata (do movimento grevista), podem parar linhas de produção", disse à Reuters Francisco Turra, presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef).

Há ainda a possibilidade de haver cancelamento de abates, o que provocaria acúmulo de animais nas granjas.

"O que nos preocupa muito é a possibilidade de nós vivermos o caos. Nós estamos falando de desabastecimento no mercado interno e impacto nas exportações brasileiras", disse o executivo de uma grande empresa do setor de aves e suínos, que pediu para não ser identificado.


O Brasil é maior exportador de carne de frango do mundo e líder na exportação de carne bovina. Além disso, disputa com os Estados Unidos a liderança na exportação de soja, e está entre os principais exportadores de milho.

"Quando ele (fiscal) começa a não funcionar, ele começa a entupir a cadeia toda. Se eu não consigo tirar o produto da fábrica, eu não consigo tirar animal do campo. Tenho que parar abates. Complica toda a cadeia", acrescentou o executivo.

A associação dos exportadores de suínos ainda tem esperanças numa solução rápida para o problema.

"Felizmente não parou ainda. A gente está confiando que não vai parar. O diálogo com os dois lados, é permanente", disse à Reuters, Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs).

Grãos

A associação que representa exportadores de soja e milho do Brasil vai entrar com ação na Justiça contra a greve dos fiscais, pedindo que sejam garantidos os embarques de grãos.

O mandado de segurança será solicitado até sexta-feira na Justiça Federal em Brasília pelos advogados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

A associação informou que, por ora, ainda não há notícias de embarques afetados, mas destacou que a ação na Justiça é preventiva.

"Com greve de fiscal, o navio não sai (do porto). Com tanta greve assim, você começa a ficar desacreditado com clientes no exterior. É a pior de todas as greves", disse Sérgio Mendes, diretor-geral da Anec, referindo-se a outras paralisações nas últimas semanas, como a dos fiscais da Anvisa e dos caminhoneiros.

Mendes disse temer que cresçam as filas de navios nos portos. Segundo ele, hoje há esperas para atracação de cerca de 35 dias, contra 10 dias em períodos normais.

A associação também teme que possam haver contestações, por parte dos compradores internacionais, de contratos de alto valor, por conta de atrasos excessivos.


O presidente da Anec ressaltou ainda que, se houver atrasos prolongados, pode ser reduzida a expectativa de embarcar um grande volume de milho no segundo semestre, atravancando também os corredores de exportação para a soja da safra nova que começa a chegar aos portos no início do próximo ano.

Revindicações

O Ministério da Agricultura não fala em negociar com os grevistas e se limitou a informar, em nota, que recorreu à Advocacia-Geral da União para tentar limitar a greve dos fiscais federais agropecuários e assegurar o trabalho de pelo menos 70 por cento dos servidores.

O sindicato nacional dos fiscais avaliou que nos portos há cerca de 30 por cento do efetivo trabalhando.

O governo federal exige que seja cumprida uma portaria que estabelece que a liberação de veículos e cargas no comércio exterior seja executada em prazo máximo de 72 horas, e promete sanções disciplinares em caso de descumprimento.

O ministério anunciou também nesta quarta-feira que está temporariamente autorizando Estados e municípios a realizarem ações de defesa e fiscalização agropecuária, baseado num decreto presidencial assinado em julho, em meio a outras greves de fiscais.

A transferência das ações, do ministério para os órgãos estaduais e municipais, vai ocorrer por meio de convênios, mas o governo federal não informou o prazo para assinatura destes convênios.

A categoria pede um concurso público para contratação de mais fiscais, devido a uma defasagem no número de servidores. Também pede restruturação nas carreiras e aumento de salários.

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