Greve no transporte público em São Paulo faz parte das manifestações e greves em várias cidades do país convocadas por centrais sindicais contra a proposta de reforma da Previdência do governo (Bárbara Ferreira Santos/Site Exame)
Reuters
Publicado em 15 de março de 2017 às 08h40.
Passageiros do transporte público de São Paulo enfrentavam dificuldades na manhã desta quarta-feira para se locomover pela cidade devido a uma paralisação de trabalhadores de ônibus e do metrô como parte de atos convocados por centrais sindicais contra a proposta de reforma da Previdência enviada ao Congresso pelo governo do presidente Michel Temer.
Trabalhadores ficaram à espera de ônibus em paradas lotadas da capital paulista, enquanto três linhas do metrô da cidade tinham funcionamento apenas parcial.
O serviço de trens urbanos, no entanto, estava operando normalmente, de acordo com o site da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O metrô informou que deu início a um plano de contingência a partir das 6h25 para lidar com a greve convocada pelo Sindicato dos Metroviários a partir da 0h desta quarta-feira.
Segundo o metrô, a entidade manteve a decisão pela paralisação apesar de uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) obrigando a manutenção de 100 por cento do efetivo nos horários de pico, sob pena de aplicação de multa de 100 mil reais por dia.
"A Companhia informa que a ausência e/ou abandono do posto de trabalho nesta quarta-feira implicará em desconto das horas e do DSR (Descanso Semanal Remunerado)", disse o metrô em nota.
A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes informou que decidiu suspender o rodízio de veículos e liberar os corredores de ônibus para o tráfego de táxis com o objetivo de reduzir os impactos da paralisação.
A greve no transporte público em São Paulo faz parte das manifestações e greves em várias cidades do país convocadas por centrais sindicais contra a proposta de reforma da Previdência do governo, que, para os sindicalistas, retirará direitos dos trabalhadores.
Entre os pontos mais criticados pelos sindicalistas na proposta de reforma do governo Temer está a idade mínima de 65 anos, a necessidade de se contribuir 49 anos para obter o benefício integral e o estabelecimento de um período mínimo de 25 anos de contribuição para se aposentar.
A manifestação principal em São Paulo está marcada para as 16h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista.
Pela manhã, policiais civis, militares, federais, rodoviários, agentes penitenciários e guardas municipais convocaram um ato contra a reforma da Previdência em frente à Assembleia Legislativa do Estado, na região do Ibirapuera, zona sul da cidade.
Durante a madrugada houve uma manifestação no edifício do Ministério da Fazenda em Brasília, em que vidros foram quebrados.
De acordo com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), manifestantes ocuparam o ministério em ação que faz parte do Dia Nacional de Mobilização e Paralisação Contra a Reforma da Previdência.
"A perda de direitos e os retrocessos promovidos pelo governo Temer são os principais motivadores da ocupação, que tem sua centralidade na luta contra a reforma da Previdência, enviada pelo presidente Michel Temer em dezembro do ano passado", disseram os manifestantes em nota enviada pelo MST.
No Rio de Janeiro, os transportes públicos funcionavam praticamente dentro da normalidade nesta manhã, apesar de algumas categorias terem anunciado na véspera que iriam aderir ao movimento.
O dia de mobilização, no entanto, não passará em branco na cidade, uma vez que a maioria das escolas públicas e particulares não terá aula, e os bancários prometem manter as agências fechadas.