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Gravidade da crise política reacende interesse por debates

Um dos exemplos foi o debate Manifestações e Crise Política: a Nova Conjuntura Brasileira, na USP

Manifestante com nariz de palhaço em frente ao Congresso Nacional, durante protesto realizado neste domingo (15) em Brasília (REUTERS/Joedson Alves)

Manifestante com nariz de palhaço em frente ao Congresso Nacional, durante protesto realizado neste domingo (15) em Brasília (REUTERS/Joedson Alves)

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Da Redação

Publicado em 24 de março de 2015 às 14h09.

São Paulo - A crise política, marcada pelo avanço do conservadorismo, está reanimando o gosto pelo debate sobre conjuntura e grandes questões nacionais. Especialmente entre setores de esquerda. Alguns fatos ocorridos em São Paulo nos últimos dias ilustram essa tendência.

Um deles foi o debate Manifestações e Crise Política: a Nova Conjuntura Brasileira, na USP. Organizado pelo Centro de Estudos dos Direitos de Cidadania e o Laboratório de Estudos Marxistas, o encontro estava programado para um auditório pequeno, no prédio da Faculdade de Ciências Sociais.

Eram aguardadas uma duzentas pessoas para ouvir os professores André Singer, Ruy Braga e Vladimir Safatle, no final da tarde de sexta-feira, dia 20.

Pouco antes de seu início, porém, o debate teve que ser transferido para um auditório maior, na Faculdade de História. O número de pessoas que apareceu passou de 600.

O deputado federal Ivan Valente, do PSOL de São Paulo, enfrentou uma situação semelhante, no caso do debate Direitos Sociais e Ameaça Conservadora, organizado por seu escritório político. Eles também previram que o número de interessados não passaria de 200.

O número de confirmações e inscrições pelas redes sociais, porém, surpreendeu os organizadores e provocou alteração nos planos. Pouco antes da data prevista, o dia 21, mudaram o local do evento para a quadra do Sindicato dos Bancários, na Rua Tabatinguera, no centro de São Paulo.

Apareceram cerca de mil pessoas. Um número notável para um debate sobre política, especialmente quando se considera que era uma tarde chuvosa de sábado.

Eu estive na quadra. A estimativa de pessoas presentes é minha. Há muito tempo não via nada igual. Além do elevado número de participantes, me surpreendi com a atenção e o silêncio com que ouviram as exposições. Eram jovens em sua maioria.

Na mesa estavam o cientista político André Singer; o escritor Frei Betto, ligado às comunidades eclesiais de base (CEBs) e movimentos sociais; Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; Brena Menezes, da Intersindical; e o deputado do PSOL.

Logo no início de sua exposição, Singer, que é vinculado ao PT, apontou o que pode ser a razão do crescente interesse dos jovens pelo debate.

Ele disse: "Esse é o começo de uma crise política importante, que está colocando questões importantes e centrais para a luta de classes no Brasil - como talvez não tenha sido colocado desde 1964."

Sobre o atual momento político, Singer também observou: "É possível termos que enfrentar quatro anos de grande turbulência política e social. Isso é muita coisa, é um período muito prolongado, que pode se prolongar ainda mais. Quando começa uma crise, o seu fim é imprevisível."

Um dos presentes ao debate do sábado, na quadra do sindicato, era Kauê Scarim, estudante de jornalismo da Universidade de Brasília, militante do PSOL e integrante da coordenação da UNE.

De acordo com suas observações, o público presente não era constituído só de pessoas ligadas ao PSOL.

"A maioria não era"", disse ele. "Muitos jovens nem eram de partidos. Estavam interessados em entender o momento político, o que é muito positivo", disse Kauê.

Outro exemplo, de menor proporção, desse movimento para discutir e entender a conjuntura, foi uma palestra do filósofo Renato Janine Ribeiro sobre o avanço da extrema-direita.

Organizado pelo grupo cultural Quintal Amendola e com número de inscrições bastante restrito, o evento deveria reunir cerca de vinte pessoas.

O número de interessados logo passou a casa de 50, o que obrigou os organizadores a transferir o evento para um lugar maior. A impressão é de que não foi só a direita que acordou.

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