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O que Ricardo Molina, contratado de Temer, diz do áudio da JBS

De acordo com Ricardo Molina, só no trecho em que Joesley e Temer supostamente estariam falando sobre a compra de Cunha, há seis pontos de alto risco

 (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

(Kim Kyung-Hoon/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 22 de maio de 2017 às 19h11.

Última atualização em 22 de maio de 2017 às 22h41.

São Paulo - Em coletiva de imprensa no final da tarde desta segunda-feira (22), o perito Ricardo Molina, contratado pela defesa do presidente Michel Temer, afirmou que a gravação de uma conversa no dia 7 de março entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista, da JBS, é "imprestável".

"Em um processo normal, essa gravação sequer seria aceita como prova em função dos excessos de vícios que ela tem", afirmou o perito. "Ela só está sendo levada a sério diante dos aspectos políticos que a  circundam".

A gravação em questão é uma das provas apresentadas pelos executivos da J&F durante sua delação premiada com a Procuradoria Geral da República. As suspeitas levantadas por eles levaram à abertura de um pedido de inquérito contra o presidente da República.

Segundo o perito, há cerca de 70 pontos obscuros nos 38 minutos de gravação. "Cada uma dessas descontinuidades são uma porta aberta para quem quiser fazer uma edição", disse.

De acordo com ele, só no trecho em que Joesley e Temer supostamente estariam falando sobre eventuais pagamentos para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, são encontrados seis pontos de alto risco.

"Eles foram encontrados um atrás do outro e, depois, no final, não acontece mais nada. Começamos a desconfiar desse acúmulo de descontinuidades", disse.

O perito pondera que o mais provável é que tenha havido a extração de trechos. "É muito fácil você corta um pedaço e ninguém vai saber", disse. "Essa resposta não vai ser dada com gravador ou sem gravador".

Por outro lado,  a rádio CBN, cuja transmissão pode ser ouvida no início e no final do áudio, informou que o tempo da gravação coincide com a programação da rádio. De acordo com Molina, até isso poderia ser editado.

De acordo com ele, a gravação não pode ser considerada autêntica do ponto de vista técnico. "A definição de autêntica é algo que eu posso garantir que não foi manipulada a posteriori. Eu não posso garantir que ela não foi manipulada", afirmou. "Ela é imprestável porque sempre vai suscitar dúvidas".

Ele admite que a gravação apresenta falhas sistêmicas, no entanto, segundo Molina, não é possível identificar se elas são artificiais ou não.  Para ele, "a Procuradoria foi ingênua e incompetente" ao incluir no rol de provas um material com qualidade questionável.

 

 

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