Aloysio Nunes: Planalto espera que dois dos três ministros do PSDB deixem os cargos nos próximos dias, antes do encontro tucano (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de dezembro de 2017 às 08h46.
Brasília - O Palácio do Planalto atua nos bastidores para evitar que a convenção do PSDB, marcada para o dia 9, seja transformada em palco de ataque ao presidente Michel Temer.
Na tentativa de revestir o desembarque anunciado pelo governador Geraldo Alckmin como uma separação amigável, o Planalto espera que dois dos três ministros do PSDB deixem os cargos nos próximos dias, antes do encontro tucano.
A ideia é esvaziar o impacto político da convenção, que, dessa forma, não seria um marco do divórcio litigioso.
Além disso, os governistas do PSDB lideram um movimento para que o partido feche questão sobre o apoio à reforma da Previdência, obrigando os seus deputados a votarem a favor da proposta.
Dos três ministros do PSDB, apenas o titular das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, permanecerá no governo, na "cota pessoal" de Temer.
O chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, deve ser substituído pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) e Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, também vai entregar o cargo.
"O PSDB não indicou os ministros. Quem indicou foi o presidente. Então, esse não é um assunto que diga respeito à convenção do partido. O PSDB vai romper com o governo com qual objetivo? Para fazer o quê?", perguntou Aloysio.
"Minha preocupação é não haver a dispersão das forças que estão agrupadas em torno de um projeto reformista", completou.
A "ala Jaburu" do PSDB, que frequenta a residência oficial de Temer, articula uma estratégia para que a convenção se concentre apenas na eleição de Alckmin como presidente do partido.
"Colocar esse tema de rompimento agora na pauta é amesquinhar o PSDB", disse o chanceler. Aloysio participou nesta quinta-feira, 30, do início de um encontro da Executiva da sigla, mas em seguida foi chamado ao Planalto por Temer.
Depois de o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmar que "o PSDB não está mais na base do governo", o chanceler disse, em tom de ironia, que o colega provavelmente conheceu uma ata "nunca vista" da reunião dos tucanos.
"Se o Padilha tiver ata de alguma reunião da qual eu não tenha participado, gostaria de saber. Talvez eu tenha cochilado."
Temer vai conversar com Alckmin neste sábado, dia 2, em Limeira (SP), e espera acertar o roteiro da "saída negociada" do PSDB.
Na prática, os governistas tucanos fazem de tudo para que o partido não queime pontes com o Planalto e avaliam que Alckmin, pré-candidato à Presidência, só se viabilizará se tiver o apoio e o tempo de TV do PMDB na campanha.
Temer está à procura de um concorrente para defender o seu legado em 2018 e quer reunir os aliados em uma frente de centro-direita.
Para o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, não há razão para que o partido aprove o desembarque oficial no dia 9. "Não coloquei na pauta da convenção esse debate."
A expectativa entre os tucanos, porém, é de que Alckmin use o encontro para reafirmar sua posição pelo fim do casamento com o PMDB, desta vez como presidente da legenda.
"A hora em que o Alckmin subir (no palanque) ele vai dar uma orientação sobre isso", disse o deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), ligado ao senador Aécio Neves (MG).
No Planalto, as últimas declarações de Alckmin foram definidas como "um grave erro político".
O que mais contrariou Temer foi o fato de o governador ter dito que, se dependesse dele, o PSDB nem teria entrado na equipe. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.