Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "houve equívoco no governo? Houve" (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2015 às 19h41.
São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista ao SBT nesta quinta-feira que o governo da presidente Dilma Rousseff cometeu "equívocos" em seu primeiro mandato, como desonerações de impostos e o congelamento do preço da gasolina, e afirmou que, se fosse presidente, adotaria uma forte política de crédito para sair da crise econômica.
"Houve equívoco no governo? Houve", disse Lula em entrevista que vai ao ar ainda nesta quinta e que teve um trecho divulgado pelo portal UOL. "Houve equívoco, por exemplo, quando não se aumentou em 2012 o preço da gasolina. Nós acumulamos uma inflação que só foi acontecer no segundo mandato da Dilma", avaliou.
Lula também criticou o que chamou de excesso de desonerações feitas pelo governo de sua sucessora.
"Talvez o governo tenha descoberto que desonerou tanto, sabe, quando já tinha ultrapassado o limite, eu acho que foi um equívoco desonerar consequentemente. E eu não vejo uma propaganda na televisão agradecendo o governo pela desoneração, eu vejo propaganda contra a CPMF", disse Lula, em referência ao imposto que o governo está buscando recriar como parte do esforço para reequilibrar suas contas.
"Eu acho que não deveria fazer tanta desoneração... Mas também assim, quando você está do lado de fora, você acha, você pensa, você acredita. Quando você está do lado de dentro, você faz ou não faz, você toma uma decisão. Tomou uma decisão, percebeu que vazou, tenta mudar. Eu acho que é isso que a Dilma está fazendo agora."
Indagado sobre qual seria a saída para a atual crise econômica vivida pelo país, Lula, que governou de 2003 a 2010, disse que existem dois caminhos, o aumento de impostos, caminho que Dilma tem buscado seguir com a proposta de recriação da CPMF, e a adoção de uma política forte de crédito.
"Eu faria uma política de crédito", declarou Lula. "Primeiro à cadeia produtiva, fazendo com que as grandes empresas fossem avalistas das pequenas empresas fornecedoras delas, depois eu aumentaria o crédito consignado para o setor da indústria privado, depois a gente liberaria crédito para os governadores e prefeitos que têm capacidade de aumentar financiamento... você pode abrir crédito para consumo", disse.