Sergio Moro: o ministro propôs a destruição do material hackeado, o que foi criticado pela OAB (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2019 às 06h40.
Última atualização em 30 de julho de 2019 às 06h57.
Uma semana após a prisão de quatro hackers que afirmam ter invadido os celulares de centenas de autoridades públicas, incluindo o do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Sergio Moro, nesta terça-feira, 30, o governo realizará a primeira reunião ministerial para tratar sobre o tema.
Uma das ideias do encontro será discutir mecanismos de segurança na comunicação entre membros do governo federal. A Polícia Federal (PF) estima que mais de mil autoridades dos três poderes tiveram mensagens privadas violadas, o que mostra a fragilidade dos sistemas utilizados.
Em nota divulgada no último domingo por seus advogados, Walter Delgatti Neto, preso na Operação Spoofing sob suspeita de liderar a quadrilha de hackers, disse que “se espanta recorrentemente pela fragilidade do sigilo no Brasil”.
O informe ainda ressalta o conjunto de mensagens obtidas está “devidamente resguardado por fiéis depositários, nacionais e internacionais”, a fim de garantir o acesso ao material que é de interesse público.
Segundo o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni, redes como o Whatsapp e Telegram são usadas regularmente pela maior parte dos ministros, e não há “nenhuma medida até o presente momento de alteração dessa rotina”.
Ele também afirmou, no entanto, que a depender da reunião ministerial desta terça-feira, novos protocolos para garantir mais segurança podem ser adotados. “Pode ser que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ou o próprio Ministério da Justiça possam trazer algumas alterações principalmente na comunicação entre os ministros e o presidente”, disse.
Uma das ferramentas que podem ser adotadas a partir de agora é um Terminal de Comunicação Seguro disponibilizado pela Abin, que conta com mensagens criptografadas com algoritmos de estado.
Um ponto que ainda permanece sob nebulosidade, entretanto, são os reais desdobramentos que as mensagens vazadas pelo site Intercept Brasil terão sobre Moro e sobre membros da força tarefa da Lava-Jato, acusados de violações éticas e falta de isenção.
Uma nota divulgada na semana passada pelo Superior Tribunal de Justiça informou até mesmo que as mensagens obtidas pelos hackers serão seriam destruídas, reagindo a declaração de Moro.
A Ordem dos Advogados do Brasil solicitou à Justiça Federal que impeça a destruição do conteúdo e afirmou que houve “inaceitável intromissão” do ministro da Justiça por ter tido acesso a informações do inquérito sigiloso.
Em meio ao debate sobre a falta de segurança na comunicação de autoridades públicas e sobre a legitimidade da obtenção do material, o conteúdo das mensagens vem sendo deixado de lado. Deveria, mas não deve entrar na pauta da reunião desta terça-feira.