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Governo quer votar Previdência após aprovar reforma trabalhista

O Planalto acredita ainda não ter votos suficientes para levar a reforma da Previdência a plenário da Câmara

Governo Temer: a estratégia é ter mais tempo para negociar e também não dividir forças com a reforma trabalhista (Ueslei Marcelino/Reuters)

Governo Temer: a estratégia é ter mais tempo para negociar e também não dividir forças com a reforma trabalhista (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de maio de 2017 às 21h56.

Última atualização em 3 de maio de 2017 às 21h57.

Brasília - O Palácio do Planalto avalia que não tem votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência no plenário da Câmara neste momento e decidiu esperar a votação da reforma trabalhista pelo Senado para só então tentar aprovar a Previdência, disseram à Reuters fontes palacianas.

A mudança de estratégia deve atrasar a tramitação da Previdência, que o Planalto esperava ver aprovada até o final do primeiro semestre deste ano.

Agora, admite uma das fontes, a reforma pode ser votada no Senado, segunda etapa da sua tramitação, apenas depois do recesso parlamentar de julho.

"O governo ainda não desistiu (de aprovar antes), mas já é uma possibilidade concreta", disse uma das fontes.

O Planalto ainda faz contas, mas sabe que não tem votos suficientes para levar a reforma da Previdência a plenário da Câmara.

As estimativas mais otimistas, de acordo com uma fonte palaciana, são de que o governo tenha uma margem pequena, de totalizando 316 votos, e não seria seguro colocar a proposta em votação - são necessários pelo menos 308 votos para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição.

No entanto, de acordo com uma fonte que acompanha de perto a contabilidade, os votos seguros não alcançariam nem mesmo os 308.

"Não tem ainda. Tem muita traição e tem muito parlamentar sendo ainda mais pressionado pela base depois de ter votado pela reforma trabalhista", disse a fonte.

Nos últimos dias, o governo entrou forte na estratégia de exonerar indicados de aliados que votaram contra a reforma trabalhista, em uma estratégia de deixar claro que não vai aceitar mais traições.

"Pegou muita gente de surpresa, muitos parlamentares não acreditavam que o governo realmente iria retaliar. E outros começaram a temer por seus indicados. Pode funcionar", avaliou a fonte.

A estratégia do governo é ter mais tempo para negociar e também não dividir forças com a reforma trabalhista, que causou mais rejeição que o esperado pelo Planalto.

Uma das queixas dos deputados é que a Câmara arca com o ônus de aprovar medidas duras e o Senado segura as votações.

Outra, é que os parlamentares estão sendo cobrados em suas bases por terem votado a trabalhista, e querem um tempo para encarar a reforma da Previdência.

A expectativa do Planalto é de que a reforma trabalhista possa ser aprovada até o final deste mês - o presidente interino do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), previu até 30 dias para a votação em plenário.

Isso daria o mês de junho para o governo votar a Previdência no plenário da Câmara por duas vezes e ainda passar pelo Senado.

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