A presidente Dilma Rousseff: para DEM e PPS, o governo quer que o assunto seja discutido durante as férias de janeiro (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 17h40.
Brasília - Líderes de oposição viram com desconfiança a estratégia do PT de acelerar a análise do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para DEM e PPS, o governo quer que o assunto seja discutido durante as férias de janeiro.
"Há uma intenção suposta da base do governo de acelerar a avaliação do impeachment para que isso ocorra em janeiro, um mês de férias, onde boa parte da sociedade estará desmobilizada", sustentou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
Ele garantiu não ser contra a suspensão do recesso parlamentar de janeiro, mas disse que é preciso levar em consideração que pode estar em curso uma manobra dos governistas para que a opinião pública não acompanhe o processo, o que poderia contribuir para a ação ser "enterrada" antecipadamente na Câmara.
Mendonça Filho reiterou que o DEM não mudará sua posição em relação à continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e criticou o fato de o governo estar "misturando" a questão do impeachment com a possibilidade de cassação do peemedebista.
"As acusações são de parte a parte. Não vou entrar nessa discussão porque isso não interessa à oposição", declarou. Ele defendeu que se não houver recesso, o Conselho de Ética funcione em paralelo "desde que isso não signifique uma manobra do governo". O DEM ainda apresentará os nomes que integrarão a comissão especial do impeachment.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que mais importante é a oposição discutir uma estratégia para a próxima semana e avaliar a repercussão na sociedade com o deferimento do pedido de impeachment. "Queremos saber da mobilização da sociedade. Os parlamentares vão neste fim de semana a suas bases e voltarão com algum tipo de informação para sabermos como vamos tratar isso. Não sei se o recesso ajuda ou atrapalha", comentou. Na opinião de Bueno, cabe agora às ruas darem condições para que os parlamentares sejam "sensibilizados".
Assim como Mendonça, o líder do PPS deduziu que, ao acelerar a análise do impeachment, o Palácio do Planalto pode estar apostando no "sufocamento" do processo. "A oposição não tem de fazer parte da estratégia do governo", pregou Bueno. O deputado do PPS defende que se o Congresso não for paralisado em janeiro, o Conselho de Ética também tem de funcionar.
Bueno lembrou que os mercados reagiram bem ao início do processo de impeachment e que agora é preciso buscar uma "unidade de pensamento nacional" para "recuperar o que se perdeu". O líder do PPS defende que Dilma renuncie. "Aí sim distensionaria e colocaria um momento novo, de ajuste da política e da economia", avaliou.