Maracanã: investimento em estádios chega a 8 bilhões de reais, dos quais apenas 133,2 milhões são de investimento privado, de acordo com a matriz de responsabilidade da Copa (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 13h23.
Brasília - Preocupado com o movimento "não vai ter Copa" e com as críticas sobre a organização e os gastos para realização da Copa do Mundo, o governo prepara uma ofensiva com foco publicitário para reagir e transformar o evento em dividendo político para a presidente Dilma Rousseff, disse uma fonte do Executivo nesta sexta-feira.
O plano vem sendo estudado por várias áreas do governo nas últimas semanas e deve ser apresentado a Dilma nos próximos dias. Segundo a fonte, que falou sob condição de anonimato, a presidente definirá a amplitude das ações.
"Nós temos que esclarecer quanto está sendo gasto com os estádios, quanto está sendo gasto com infraestrutura, que é muito mais, dizer qual a importância da Copa para o Brasil", disse a fonte a jornalistas.
Apesar de reconhecer o atraso na reação do governo, meses após as manifestações em diversas cidades do país em junho do ano passado, durante a Copa das Confederações, o membro do Executivo considera que é possível, com mais transparência, reduzir as críticas aos gastos com a preparação para o Mundial.
"Essa campanha pode ajudar a isolar ou reduzir a presença (nas manifestações) daqueles que são contra a Copa", disse.
O orçamento consolidado da Copa do Mundo aponta gastos de 25,5 bilhões de reais com a realização do evento, incluindo obras de infraestrutura como aeroportos e corredores de ônibus, mas também a reforma ou construção das 12 arenas do Mundial. Desse total, 3,7 bilhões são provenientes da iniciativa privada.
O investimento em estádios chega a 8 bilhões de reais, dos quais apenas 133,2 milhões são de investimento privado, de acordo com a matriz de responsabilidade da Copa.
O movimento "não vai ter Copa", que começou nas redes sociais, chegou às ruas este mês com diversas manifestações convocadas pelo país. A maior parte delas não reuniu muitas pessoas, mas em São Paulo os protestos terminaram em tumulto e um dos manifestantes foi baleado pela Polícia Militar.
Na avaliação do Executivo, as manifestações voltarão durante a Copa, em junho e julho deste ano, e o governo tem que explicar claramente o que está investindo no evento para "evitar que meias-verdades" impulsionem os protestos, de acordo com a fonte.
No ano passado, a Copa da Confederações foi marcada por uma avalanche de manifestações, que entre outras reivindicações pediam melhores serviços públicos e criticavam os gastos com o evento. Os protestos muitas vezes resultaram em atos de violência, preocupando as autoridades e a Fifa.
Segundo esse integrante do governo, Dilma não conta com a Copa do Mundo como um trunfo político para a reeleição. "O que não se esperava, porém, é que a Copa ficasse na coluna do prejuízo", afirmou.