Presidente Michel Temer: estratégia será a de monitorar os pontos de descontentamento e os próprios descontentes para tentar negociar o que for possível para garantir uma vitória confortável, primeiro na comissão (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 6 de março de 2017 às 20h32.
Última atualização em 6 de março de 2017 às 20h32.
BRASÍLIA (Reuters) - O governo se prepara para começar a negociação da reforma da Previdência e o Palácio do Planalto já admite que tem espaço para negociar, desde que a conta final feche como espera a equipe econômica, disseram à Reuters fontes governistas.
A resistência a pontos polêmicos da reforma, mesmo dentro da base, levou o governo a chamar uma reunião com o próprio presidente Michel Temer e a cúpula do governo --incluindo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, além dos líderes do governo-- para traçar uma estratégia de negociação.
"Tem três ou quatro pontos que serão fortemente questionados. O governo já admite que tem gordura para queimar, mas agora que vai começar a negociação de verdade", disse uma fonte palaciana.
A reunião no Alvorada, convocada pelo próprio Temer, vai tentar organizar a negociação para evitar que as resistências da base terminem por desfigurar a reforma.
Oficialmente, o discurso do governo continua sendo de que a proposta que está no Congresso é a que vale. "A estratégia é tentar manter a proposta como foi encaminhada. Vamos mapear as resistências e conversar para que os deputados possam votar com tranquilidade", disse o novo líder do governo no Congresso, André Moura.
O anúncio oficial de Moura no cargo foi feito no início da noite. O senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ocupava a posição, será o novo líder do governo no Senado, no lugar de Aloysio Nunes Ferreira, novo ministro das Relações Exteriores.
Segundo Moura, começa nesta semana uma série de conversas dos técnicos do governo com partidos da base para "esclarecer" pontos da reforma.
As conversas começaram, no entanto, pelo próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o relator da reforma, deputado Arthur Maia. Depois de conversas com o ministro da Fazenda, os dois parlamentares saíram com discurso afinado em defesa da reforma como está, mesmo que o presidente da Câmara tivesse anteriormente afirmado que a reforma como está não passaria.
Outra estratégia será a de monitorar os pontos de descontentamento e os próprios descontentes para tentar negociar o que for possível para garantir uma vitória confortável, primeiro na comissão.
Presidente da comissão especial da Previdência, o peemedebista Carlos Marun (MS) admite que há resistências pontuais ao projeto e que podem ser feitas mudanças, mantendo a essência do projeto.
"Agora é o momento dos debates, quando estão se apresentando as diferenças. O principal vai ser preservado. A idade mínima vai ter. Agora se vai ser 65, 64, se vai ter diferença entre homens e mulheres, isso vai ter que se chegar a um acordo. A mesma coisa o tempo de contribuição", disse Marun. "O que se sabe é que vamos trabalhar mais e contribuir mais."
A idade mínima de 65 anos é um ponto considerado essencial para o governo, que não aceita, até agora, mudanças neste ponto.