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Governo pode contratar até 50 voos para trazer máscaras da China

Governo comprou de fabricante chinês 200 milhões de máscaras cirúrgicas e 40 milhões de máscaras N95 com filtro, no valor de R$ 694,3 milhões

Produção de máscaras na China: país é o maior produtor dos insumos no mundo (Paul Yeung/Bloomberg/Getty Images)

Produção de máscaras na China: país é o maior produtor dos insumos no mundo (Paul Yeung/Bloomberg/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de abril de 2020 às 13h17.

Última atualização em 13 de abril de 2020 às 18h31.

Com pressa pelo avanço da pandemia do novo coronavírus, o governo prepara uma "operação de guerra" para trazer, de forma mais rápida, as 240 milhões de máscaras que o Ministério da Saúde está comprando na China. Poderão ser contratados de 20 a 50 voos em aviões comerciais para buscar os produtos.

De acordo com fontes do governo, seriam necessárias de 15 a 20 aeronaves distintas para a operação que, em volume, é considerada a maior compra governamental do exterior da história - são 4 mil metros cúbicos e 960 toneladas.

Outra opção seria usar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), mas a avaliação é de que as aeronaves da Força são menores e demandariam mais voos, o que custaria mais aos cofres públicos. Mesmo em aviões comerciais, as viagens poderiam ganhar status de "voo de Estado", o que implicaria maior segurança e menos burocracia no transporte da carga.

A operação é encabeçada pelo Ministério da Infraestrutura com o envolvimento de vários órgãos, incluindo a Controladoria-Geral da União (CGU). A pasta da Infraestrutura já começou a fazer cotações com empresas aéreas. Uma das interessadas é a Latam, que poderá ter preferência, por ser brasileira.

Itinerário

O Itamaraty estuda agora onde seria o melhor local para que as aeronaves façam escalas. Israel, Dubai e Nova Zelândia são os destinos mais prováveis para os pousos no momento. Os aviões precisam parar para reabastecer, mas a maior dificuldade é que a carga transportada é cobiçada por vários países neste momento e poderia ser interceptada.

A preocupação aumentou depois de uma carga de respiradores comprada pelo governo da Bahia ter ficado retida em Miami (EUA). O negócio foi cancelado pela empresa fornecedora e a suspeita é de que o material tenha sido destinado para uso norte-americano.

Por causa disso, os aviões brasileiros devem evitar paradas nos Estados Unidos e também na Europa, que foi fortemente afetada pela pandemia. A expectativa é de que cada voo leve cerca de 40 horas. Usualmente, uma carga com esse volume seria transportada por navio, mas isso levaria até 45 dias, um prazo que o governo não pode esperar no momento.

Compras

Na sexta-feira, o governo publicou no Diário Oficial da União o extrato de dispensa de licitação, informando a compra de 200 milhões de máscaras cirúrgicas e 40 milhões de máscaras N95 com filtro, no valor de R$ 694,320 milhões. O produto é essencial para proteger profissionais de saúde no atendimento a suspeitos e infectados por coronavírus.

A compra já foi publicada no Diário Oficial da União, mas ainda não foi confirmada pelo fornecedor. O contrato foi firmado com uma empresa de Wuhan, justamente a cidade onde a epidemia do novo coronavírus teve início, no fim de 2019. O embarque da mercadoria será no Seroporto de Guangzhou.

Apesar dos contratos, não há a certeza de que os produtos chegarão. Em entrevista coletiva na semana passada, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a pasta fez a compra e espera a China "pacificar o mercado" para começar a buscar os produtos. "Quando o mundo acabar com essa epidemia, eu espero que nunca mais cometa o desatino de fazer 95% da produção de insumos que decidem a vida das pessoas em um único país", declarou o ministro.

Até agora, contratos para a compra de medicamentos e insumos de saúde eram feitos já com o frete incluído. Com a pandemia do novo coronavírus, no entanto, os países passaram a ser responsáveis por buscar os produtos na China, o principal fabricante mundial.

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