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Governo manterá alerta após descartar suspeita de ebola

Ministério da Saúde descartou a suspeita de que Souleymane Bah, de Guiné, esteja com o vírus


	Souleymane Bah durante a chegada ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro
 (Mauro dos Santos/Reuters)

Souleymane Bah durante a chegada ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (Mauro dos Santos/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 19h11.

Brasília - O Ministério da Saúde descartou nesta segunda-feira, 13, a suspeita de que Souleymane Bah, de Guiné, esteja com o vírus ebola. A contraprova do exame, também feita pelo Instituto Evandro Chagas, deu negativo.

Bah deve receber alta do hospital Evandro Chagas nos próximos dias.

As demais 62 pessoas que tiveram contato com o paciente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cascavel (PR), onde ele foi atendido no primeiro momento, também deixarão de ser monitoradas. 

De acordo com o ministro da Saúde, Arthur Chioro, a equipe do hospital ainda fará alguns exames em Bah para tentar identificar se ele está com alguma outra doença transmissível. Já foram feitos testes rápidos de dengue, HIV e Malária - todas foram descartadas.

Apesar de descartado o primeiro caso, Chioro garante que o alerta será mantido. "Todas as medidas de vigilância permanecem, apesar do baixo risco de que o ebola chegue ao País", afirmou.

Hoje, foram feitas reuniões com a Secretaria de Portos, o Ministério da Defesa e o Ministério do Turismo para intensificar as medidas de atenção.

Entre as medidas definidas estão uma reunião com práticos dos portos, que têm contato direto com as tripulações de navios, e algum tipo de alerta para ser distribuído em portos e aeroportos, em forma de panfleto ou cartilha, explicando os riscos e sintomas.

A expectativa mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a epidemia leve pelo menos seis meses ainda para ser controlada, o que justifica a manutenção do alerta.

Nos últimos dias, o avanço no número de casos e a falta de pessoal e de recursos financeiros fez com que a organização dobrasse o período de tempo esperado para controlar a expansão do ebola na África Ocidental.

Chioro garante que as medidas são preventivas e que os riscos de contágio no Brasil são pequenos.

"Nós não temos nenhum voo direto ou com escala de nenhum dos três países (Guiné, Serra Leoa e Libéria). Então são três barreiras de monitoramento até chegar ao Brasil: na saída dos países, onde 77 pessoas já foram impedidas de viajar, no país onde é necessária fazer uma conexão e depois nos nossos aeroportos", explica. 


O número de brasileiros nesses locais também é reduzido. Apenas dois em Serra Leoa, 25 na Libéria e 33 na Guiné, incluindo pessoal de ajuda humanitária e diplomatas e outros funcionários do serviço exterior.

Todos estão sendo acompanhados e, se manifestarem algum sintoma, serão repatriados para serem tratados no Brasil, de acordo com as normas da OMS.

Racismo

Chioro reagiu com indignação às informações, publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, mostrando que imigrantes africanos e haitianos estão sofrendo discriminação pela suspeita de que um deles poderia ter o vírus ebola.

"Não podemos concordar com qualquer postura discriminatória e tomaremos todas as medidas necessárias para inibir essa postura. O princípio do SUS é a universalidade. Em hipótese alguma podemos aceitar qualquer posição discriminatória em qualquer situação, muito menos com hipóteses infundadas. É inaceitável que em nosso País tenhamos atitudes desse tipo", afirmou o ministro.

Chioro mostrou preocupação, ainda, com Souleymane Bah, temeroso de que sofra discriminação ao ser liberado do hospital. Lembrou que o guineense está legalmente no País, tem visto de refugiado e direito a trabalhar.

"Pedimos a todos os brasileiros que não manifestem qualquer tipo de reação racista ou segregacionista", disse.

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