Brasil

Governo Lula fará "revogaço" de medidas ambientais de Bolsonaro, diz ex-ministra

Izabella Teixeira, que ocupou a pasta do Meio Ambiente durante as gestões Lula e Dilma Rousseff, é cotada para assumir novamente o ministério

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulga os dados mais recentes do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real na Amazônia Legal feito pelo Inpe (Elza Fiúza/Agência Brasil/Agência Brasil)

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulga os dados mais recentes do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real na Amazônia Legal feito pelo Inpe (Elza Fiúza/Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de dezembro de 2022 às 16h19.

Última atualização em 19 de dezembro de 2022 às 17h17.

Nos próximos dias, o governo de transição de Luiz Inácio Lula da Silva deverá anunciar um "revogaço" de uma série de medidas adotadas na área ambiental pela gestão de Jair Bolsonaro, disse a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira em entrevista à Rádio Eldorado.

Segundo ela, copresidente do Painel de Recursos Naturais da ONU, e que faz parte do grupo que trata do tema na equipe do presidente eleito, o trabalho "detectou muitos retrocessos". "É sem precedentes do ponto de vista ambiental o desmonte das instituições públicas e isso está bem registrado no crescente desmatamento da Amazônia e do Cerrado", disse.

Izabella, que ocupou a pasta do Meio Ambiente durante as gestões Lula e Dilma Rousseff, é cotada para assumir novamente o ministério. Segundo ela, as revogações em série devem mirar regulamentos assinados pela atual gestão "para tornar a gestão pública ambiental inoperante". Ela diz que será preciso investir na recomposição dos quadros dos órgãos de fiscalização e instaurar uma política de enfrentamento ao crime organizado no desmatamento.

O governo Bolsonaro é criticado no Brasil e no exterior por desmontar os órgãos de combate e fiscalização, sucessivos recordes negativos de desmate e ilegalidades como o garimpo clandestino.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo toda manhã no seu e-mail. Cadastre-se na newsletter gratuita EXAME Desperta.

Os dados mais recentes sobre o desmatamento no Cerrado, por exemplo, apontam crescimento de 25,29% neste ano em relação ao valor apurado em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao todo foram 10.688,73 km² perdidos de vegetação, entre agosto de 2021 e julho de 2022, período analisado pelo sistema.

Segundo Izabella, isso é reflexo de uma série de medidas adotadas pela atual gestão. Agora, devem ser alvo do "revogaço" não apenas medidas do governo federal, mas também decretos e atos infralegais que envolvem ministros e presidentes de autarquias. "É impressionante a quantidade de normas que determinam hoje esse retrocesso", diz Izabella. A revisão dessas normas, afirma, obedecerá regras de clareza e segurança jurídica "para quem investe e quer trabalhar seriamente no Brasil".

"O revogaço não vai apenas mostrar os retrocessos e malfeitos, vai mostrar também que caminhos deverão ser propostos para que se estabeleça uma nova relação da sociedade com o Estado, uma relação mais transparente, e com segurança jurídica, que nos permita atuar com robustez e, mais do que isso, como sociedade sem retrocessos no futuro", afirma a ex-ministra.

Durante a entrevista à Rádio Eldorado, ela lembrou que é preciso investir em um modelo de desenvolvimento que alie o meio ambiente às práticas agrícolas mais avançadas e responsáveis, adotadas por grande parte do setor.

LEIA TAMBÉM:

Semana decisiva vai ‘destravar’ formação de governo Lula

Orçamento secreto: decisões do STF beneficiam Lula. Como se comportarão os parlamentares?

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffLuiz Inácio Lula da SilvaONU

Mais de Brasil

Câmara do Rio aprova o armamento da Guarda Municipal em 1º debate; decisão será daqui a dez dias

Lula, Bolsonaro, Tarcísio, Zema, Marçal e Caiado: AtlasIntel simula cenários para 2026

Flávio Dino suspende repasses de emendas para universidades de oito estados

Senado adia votação de texto que tentava 'driblar' proposta do governo de endurecer penas de roubo