Usina termelétrica: com maior custo e mais poluentes, usinas estavam sendo acionadas para suprir o deficit de produção das hidrelétricas. (Geraldo Falcão/Petrobras)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2016 às 16h28.
Rio de Janeiro - O governo federal discutirá a retomada da política de acionar termelétricas apenas por ordem de custo, ou seja, priorizando as mais baratas, devido à melhoria do quadro hidrológico, que até então vem exigindo o uso de usinas mais caras para garantir a segurança do suprimento, disse nesta terça-feira o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim.
O assunto será analisado junto às instituições do setor, entre as quais o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mas Tolmasquim disse que defenderá a posição de retomar o acionamento das térmicas "por ordem de mérito", nome pelo qual essa política é conhecida no setor.
Caso esse despacho seja adotado, só serão acionadas termelétricas cujo custo de operação seja igual ou inferior ao Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), utilizado no mercado spot de eletricidade, atualmente em cerca de 253 reais por megawatt-hora no Nordeste e em 30 reais por megawatt-hora nas demais regiões.
“Como estamos com excedente e preço no mercado spot muito baixo. Se colocar a ordem a de mérito, teremos mais térmicas desligadas“, disse Tolmasquim a jornalistas após participar da abertura de evento promovido pela embaixada britânica no Rio de Janeiro.
Atualmente, estão ligadas, por questão de segurança energética, todas térmicas com custo de até 250 reais por megawatt-hora. Já há uma decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para que a partir de abril fiquem ligadas por esse motivo apenas usinas com custo de até 211 reais por megawatt-hora.
“Isso vai ser discutido em breve, antes da reunião do CMSE...eu, particularmente, acho razoável a adoção da ordem de mérito”, afirmou Tolmasquim. "É uma questão de visão de risco. E ao desligar, não quer dizer que não pode ligar de novo (se necessário no futuro)”, frisou.
O presidente da estatal EPE acrescentou que há atualmente um excedente de aproximadamente 12 mil megawatts de energia no sistema, devido à redução do consumo desde o ano passado, o que coloca o país “numa situação estrutural confortável”.
Apesar desse excedente, o governo mantém o calendário de leilões de energia para esse ano.
Tolmasquim afirmou que, diante de uma cenário econômico menos favorável, o preço teto dos leilões deverá ser mais alto para refletir essa conjuntura.
“A gente leva em consideração a situação do país, como a taxa de câmbio, condições de financiamento e outros elementos para sintonizar o preço teto do leilão”, disse.