Brasileiros queimam pertences de venezuelanos na fronteira do país: confronto aconteceu neste sábado (18) (Mauricio Castillo/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de agosto de 2018 às 17h21.
Brasília - Mais 120 homens da Força Nacional de Segurança e 36 voluntários na área de Saúde deverão seguir para Pacaraima (RR), após os tumultos entre imigrantes venezuelanos e moradores brasileiros ocorridos neste sábado, 18. As medidas foram decididas em reunião do presidente Michel Temer com um grupo de ministros, concluída na tarde deste domingo, 19. A informação consta de nota divulgada pelo Palácio do Planalto.
"O Governo Federal continua em condições de empregar as Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem em Roraima", informa o texto. "Por força de Lei, tal iniciativa depende da solicitação expressa da Senhora Governadora do Estado."
Os 120 homens da Força Nacional seguirão em duas etapas: 60 já estão em prontidão em Brasília, conforme informado mais cedo pelo Estadão. E mais 60 poderão seguir nos próximos dias. Os 36 voluntários na área de saúde atuarão no atendimento aos migrantes, em parceria com hospitais universitários.
Na reunião, ficou decidido também que os esforços de interiorização de venezuelanos para outros Estados serão intensificados. Isso deverá reduzir a pressão sobre Roraima, que tem sido a principal porta de entrada para os migrantes do país vizinho. A interiorização consiste no envio dos venezuelanos para outros Estados. Grupos já foram enviados para São Paulo, Mato Grosso e Brasília, entre outros.
Será criado um "abrigo de transição" em Roraima, entre Boa Vista e Pacaraima, para dar suporte aos imigrantes enquanto eles aguardam a interiorização, "de forma a reduzir o número de pessoas nas ruas", diz a nota.
Ficou decidido também que uma comissão interministerial seguirá para Roraima, "para avaliar medidas complementares, que se somarão às anteriores já tomadas."
Amanhã, será realizada uma nova reunião para "concluir as negociações para o início das obras do 'linhão' que permitirá a integração do Estado de Roraima ao sistema elétrico nacional." O Estado utiliza energia gerada na Venezuela, mas tem sido frequentes os "apagões".
"O Governo Federal, atento à segurança e ao bem-estar dos brasileiros de Roraima, tem envidado esforços abrangentes para apoiá-los, reduzindo o impacto do afluxo migratório sobre a população local", diz a nota, acrescentando que o presidente Michel Temer esteve no Estado por duas vezes.
Segundo a nota, as providências já adotadas para lidar com a crise humanitária na fronteira somam mais de R$ 200 milhões. Estão nesse cálculo a construção de dez instalações para abrigar temporariamente os venezuelanos, das quais duas estão prestes a ser concluídas, o processo de interiorização e o ordenamento da fronteira, "com controle e triagem adequados, e com a ampliação da presença da União nas áreas social e de segurança."
A nota informa ainda que o Itamaraty está em contato com autoridades venezuelanas. "No dia de ontem (sábado), esse diálogo serviu, também, para que cerca de trinta brasileiros, que se encontravam em território venezuelano, pudessem retornar em segurança ao Brasil."