Gilberto Carvalho falou da preocupação do governo com as movimentações crescentes e disse que "é preciso traduzir" o que está acontecendo no País (Foto: Abr)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2013 às 20h12.
Brasília - O ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, disse nesta segunda-feira, 17, que o governo em geral e a presidente Dilma Rousseff estão "preocupados" com as manifestações, mas pediu que "ninguém se precipite a tirar proveito político de um lado ou de outro, para que não se tire conclusões apressadas".
Perguntado se o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que é possível candidato ao governo de São Paulo, já havia politizado a questão, Gilberto respondeu: "Escrevam isso. O Cardozo não é candidato ao governo de São Paulo. Ele é ministro da Justiça e falou como ministro. Essa politização não é boa. Ele foi prudente". E emendou: "ele fala como ministro da Justiça e eu, do diálogo".
A maior do preocupação do Planalto é que as manifestações são "difusas" e "crescentes" por todo País, sem liderança específica e por diversas motivações. Segundo Gilberto, o governo vai dialogar com os movimentos e ressaltou que a orientação é para as polícias evitarem violência. Mas ressalvou que "não vamos nos furtar de assegurar a lei e a ordem, mas de maneira pacífica e negociada".
Sobre as vaias à presidente Dilma, no sábado, na abertura da Copa das Confederações, o ministro Gilberto declarou: "houve vaias no estádio e, no mesmo momento, um grande aplauso à presidente Dilma aqui nos telões. Quase 200 mil pessoas aqui na Praça aplaudindo. Democracia é assim. Ditadura é que é fácil", afirmou.
Reunião
Carvalho recebeu nesta tarde, no Planalto, representantes do movimento "Copa para quem?" que vieram denunciar o cerceamento da liberdade de expressão do grupo, a perseguição política dos funcionários públicos do Governo do Distrito Federal (GDF) que participaram das passeatas e a criminalização dos integrantes das mobilizações.
Em entrevista, Gilberto Carvalho falou da preocupação do governo com as movimentações crescentes e disse que "é preciso traduzir" o que está acontecendo no País, já que os movimentos são por diferentes motivos e em várias cidades e feitos por distintas lideranças.
Ao explicar a preocupação do Planalto com as manifestações, Gilberto Carvalho disse que elas devem chamar a atenção de todos do governo e nos levar a fazer perguntas.
"Os grandes eventos não vão ser colocados em risco de maneira nenhuma", assegurou Gilberto, acrescentando que será preciso fazer um esclarecimento sobre tudo que está sendo feito para a população, que ficará de legado, como resultado da Copa, mostrando isso.
Gilberto afirmou que a presidente Dilma tem ressaltado que a democracia pressupõe manifestações e que "o duro é o silêncio da repressão". O ministro lembrou que o projeto político do PT cresceu justamente fazendo movimentações. Por isso, a importância do diálogo e entender o que está acontecendo.
Militantes
"Este não é um movimento com líderes, nem centralizado, nem hierarquizado", disse Edemilson Paraná, um dos militantes a se reunir com Gilberto Carvalho, no Planalto.
Segundo Edemilson, Gilberto Carvalho, que estava acompanhado de representante do GDF, teria dito que não concorda com a criminalização de manifestantes, a violência policial e nem a perseguição política de integrantes das passeatas, mas não teria feito promessas concretas de ação.
De acordo com Edemilson, "não há nenhum ilícito" nas ações dos manifestantes. Ele negou que seu grupo, que fez questão de dizer que não é o único a se mobilizar, não recebeu nenhum dinheiro para organizar a manifestação, como acusou o GDF.
Edemilson Paraná, que é filiado ao PSOL, criticou a ausência de representantes da UNE nas mobilizações e disse ver "com pesar o atrelamento completo da UNE" ao governo.
Depois, o ministro Gilberto disse que não iria fazer juízo de valor sobre a atuação da polícia e que não se ia criminalizar manifestantes.
Ao falar sobre a presença de funcionários públicos federais, inclusive da secretaria geral da Presidência que ele comanda, nas manifestações, o ministro salientou: "não podemos impedir que servidores se manifestem fora de seu horário de trabalho". Mas, se houve prática de ilícito, acrescentou, se houver provas, eles devem ser criminalizados.