Rio de Janeiro: exposição já havia sido censurada no final do ano passado (Facebook/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 09h55.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse neste domingo (13), que o governo do Estado precisa ser avisado previamente sobre o conteúdo de exposições realizadas em espaços públicos.
No sábado (12), a Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa determinou a encerramento antecipado da exposição Literatura Exposta, na Casa França-Brasil. O motivo, de acordo com o governador, foi uma performance "com nudismo" que não estava prevista no contrato.
A programação teria uma performance do coletivo És Uma Maluca, que tinha como tema uma crítica à tortura durante a ditadura militar.
"Eu preciso, o Estado precisa, ser informado previamente o que vai ser realizado dentro de um órgão público", disse. "Não importa qual seria o tema daquela performance humana, mas no contrato não havia a previsão da performance. Por isso, o secretário me comunicou que a decisão dele seria não permitir", completou.
Para o governador, a decisão não pode ser confundida com censura porque a exposição, que seria encerrada amanhã, acontecia desde dezembro no espaço, que é administrado pelo Estado, mas não havia previsão da performance.
Em dezembro, a obra A Voz do Ralo é a Voz de Deus, do coletivo És uma Maluca, já havia sido, em parte, vetada. Áudios com discursos do presidente Jair Bolsonaro que faziam parte da instalação foram proibidos e substituídos por gravações com receitas de bolo.
A performance que seria exibida ontem foi proposta pelo mesmo coletivo.
"A questão não é a performance, não é o coletivo, não se trata de censura. O contrato foi descumprido e, uma vez descumprido, não pode ser executado", declarou Witzel.
Na avaliação do governador, a performance que faria referência à tortura na ditadura militar, deveria ser avaliada pela Vara de Infância e da Juventude.
Segundo ele, foi o secretário Ruan Lira quem o comunicou "de que haveria uma exposição, com nudismo, com mulheres" e que a decisão seria "não permitir". "Nós temos responsabilidade com os pais que frequentam ali. As pessoas precisam ser avisadas do que vai acontecer", disse.