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Governo desidrata Previdência para tentar aprová-la até dezembro

Mesmo correndo o risco de derrota, Temer decidiu, com Henrique Meirelles, que pior do que a rejeição seria desistir da reforma

Temer: a estratégia do Planalto é dividir com o Congresso a responsabilidade pela aprovação e reforçar a comunicação (Nacho Doce/Reuters)

Temer: a estratégia do Planalto é dividir com o Congresso a responsabilidade pela aprovação e reforçar a comunicação (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de novembro de 2017 às 07h54.

Última atualização em 9 de novembro de 2017 às 07h54.

Brasília - O governo vai partir para o tudo ou nada na reforma da Previdência. Mesmo correndo o risco de derrota, Michel Temer decidiu, com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que pior do que a rejeição seria desistir da reforma, principalmente depois da reação negativa do mercado financeiro.

A reforma "possível" manterá a idade mínima para aposentadoria e a unificação das regras dos servidores públicos com os trabalhadores da iniciativa privada.

Atendendo a pressões de sua base política, Temer avalia fazer a reforma ministerial em troca de apoio no Congresso para levar à votação uma proposta bem mais enxuta do que a pretendida.

O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), já começou a redigir a versão da minirreforma. A estratégia é aprovar o novo texto em dois turnos na Câmara até o dia 15 de dezembro e terminar a votação no Senado em fevereiro de 2018.

A estratégia do Planalto é dividir com o Congresso a responsabilidade pela aprovação e reforçar a comunicação, sobretudo com o discurso de "combate dos privilégios" do funcionalismo, que é sensível à população. Mesmo assim, líderes de partidos aliados argumentaram que a mudança ministerial não garante a aprovação da reforma.

O Palácio do Planalto concordou em flexibilizar as mudanças no que for necessário para garantir a aprovação. Temer vai precisar de 308 votos, mas a sua base é ainda mais frágil do que antes da delação da JBS, que levou à rejeição de duas denúncias contra ele em votações que não sustentariam a aprovação de uma PEC, como é o caso da Previdência.

Depois do susto com o mercado, o relator disse que a reforma voltou a caminhar. "Tenho crença de que poderemos avançar", disse. Segundo Arthur Maia, é melhor diminuir o ganho nas contas públicas do que não ter nenhuma proposta aprovada. "Do que está perdido, a metade é grande negócio", disse. Enquanto o relator falava sobre as negociações, a Bolsa retomou o patamar de 74 mil pontos.

Em reunião nesta quinta-feira, 9, com os líderes, o relator vai definir o que pode ser mudado. O Planalto não quer transmitir a ideia de que será um texto imposto aos parlamentares, na tentativa de evitar ainda mais desgaste. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, evitou dar uma previsão para votação.

"O tempo não depende da nossa vontade, depende das nossas condições de voto. Se tivesse voto, votava até amanhã, mas não tem", alertou.

Técnicos da área econômica também já estão fazendo cálculos da perda de economia com uma proposta menor. Meirelles passou o dia em conversas com líderes do Congresso, defendendo a necessidade da reforma.

E admitiu as dificuldades. "Só vamos saber (se há chance de aprovação) de fato durante o processo de votação. Existem diferenças de posição: na reunião com os líderes da Câmara, alguns acharam difícil, outros acharam que é possível."

O ceticismo na Câmara dos Deputados em torno da possibilidade de aprovação antes das eleições é ainda grande. Nos corredores, a brincadeira entre os parlamentares é que o "zumbi voltou a andar". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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