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Governo declara transmissão comunitária do coronavírus em todo o Brasil

A determinação significa que o sistema de saúde não consegue mais rastrear como as pessoas foram contaminadas; país tem 904 casos e 11 mortes

Coronavírus: homem usa máscara para se proteger do surto da doença na Praça da Sé, em São Paulo (Miguel Schincariol/Getty Images)

Coronavírus: homem usa máscara para se proteger do surto da doença na Praça da Sé, em São Paulo (Miguel Schincariol/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 20 de março de 2020 às 19h20.

Última atualização em 20 de março de 2020 às 19h55.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou nesta sexta-feira, 20, estado de transmissão comunitária do coronavírus em todo o Brasil. A portaria foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União.

Nesta tarde, a pasta atualizou que o país está com 904 infectados pela Covid-19. O número de mortes subiu de sete para 11. 

Segundo o decreto, a medida foi tomada pela "necessidade premente de envidar todos os esforços em reduzir a transmissibilidade e oportunizar manejo adequado dos casos leves na rede de atenção primária à saúde e dos casos graves na rede de urgência/emergência e hospitalar".

Até esta quinta-feira, 19, só havia transmissão comunitária, que é quando não se sabe mais a origem das novas infecções em pacientes, no estado de São Paulo, no estado do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Santa Catarina, Pernambuco e Porto Alegre. 

A mesma portaria adota o isolamento como fundamental para a contenção da transmissão do covid-19. "Deverá ser adotada como, medida não-farmacológica, o isolamento domiciliar da pessoa com sintomas respiratórios e das pessoas que residam no mesmo endereço, ainda que estejam assintomáticos, devendo permanecer em isolamento pelo período máximo de 14 (quartorze) dias", diz o documento.

Colapso precisa ser evitado

Mais cedo, Mandetta disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) têm tumultos e pontos de problema, mas não está em colapso, e que o governo está atuando de forma a preparar a rede para o crescimento dos casos confirmados da doença.

“Nós temos muitas forças. Se nós não fizéssemos nada, se não aumentássemos a nossa capacidade instalada, se nós ficássemos parados, olhando, nós teríamos um mega problema, porque esse sistema, do jeito que ele vem, sem fazer nada, você colhe um colapso”, afirmou, em entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, ao lado do presidente Jair Bolsonaro. “Nosso sistema ainda aguentaria, mesmo com a capacidade instalada normal, por volta de 30 dias.”

Mandetta teve que fazer o esclarecimento após ter dito, mais cedo, que o sistema entraria em colapso até o fim de abril em razão da pandemia do novo coronavírus. “Claramente, em final de abril nosso sistema de saúde entra em colapso. Colapso é quando você tem dinheiro, mas não tem onde entrar (nos hospitais)”, afirmou.

Na entrevista, Mandetta disse que problemas nos sistemas de saúde, como emergências superlotadas, existem no mundo todo. Ele afirmou que o SUS é forte, tem capilaridade nacional e conta com 46 mil equipes de saúde de família, que atendem milhões de brasileiros. “Teve gente que falou que o SUS está sempre em colapso, gente que diminui nosso sistema de saúde”, disse, em defesa do SUS.

O ministro ressaltou ainda que a Itália, um país de primeiro mundo e que tem um sistema de saúde mais organizado que o brasileiro, suportou a pandemia por um tempo muito baixo devido à grande quantidade de idosos no país.

Nesse sentido, o ministro manifestou preocupação com o Estado do Rio Grande do Sul, que também tem alto índice de população idosa enquanto no Amazonas a população é mais jovem e também tem menos casos. “Somos um continente”, disse, ressaltando que as medidas devem ser coordenadas em todo o País.

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