Dilma e Mantega: “O mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira” (Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2011 às 20h02.
São Paulo – O programa “Brasil Maior”, a nova política industrial do governo federal, tem o grande mérito de tirar o foco do câmbio valorizado e adotar medidas para reduzir o Custo Brasil.
Há anos, os empresários gastam saliva reclamando do dólar barato, perdendo a oportunidade de lutar por melhores condições para produzir em território nacional.
Os problemas são antigos. Excesso de impostos na cadeia produtiva e na folha de pagamentos, infraestrutura precária para escoar a produção, falta de mão de obra qualificada, burocracia e demora na devolução de tributos de mercadorias exportadas, entre outros.
A nova política industrial ataca em várias frentes. Destacam-se a prorrogação da desoneração de IPI para bens de capital, matérias de construção e caminhões, o alívio na folha de pagamentos de setores intensivos em mão de obra e as linhas de financiamento à inovação e à exportação.
Há, inclusive, um ponto polêmico que permite que o governo pague até 25% a mais se o produto por fabricado no Brasil. “Queremos priorizar quem gera emprego aqui”, justificou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
Porém, partiu do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a declaração mais forte da cerimônia. “O mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira e não pelos aventureiros que vêm de fora”, disse o ministro, sob aplausos de centenas de empresários.
A presidente Dilma Rousseff afirmou que a prioridade é “proteger o mercado consumidor e a força produtiva, sem recorrer a protecionismos ilegais”.
“A concorrência desleal causada pela guerra cambial reduz nossas exportações e, mais grave ainda, tenta reduzir o nosso mercado interno”, disse a presidente.
Ao lembrar que o mundo desenvolvido ainda vive uma grave crise, Dilma Rousseff afirmou que o atual momento requer, “além do indispensável bom senso, uma boa dose de ousadia”.
Para quem tinha dúvidas sobre o que pensa a presidente em relação aos rumos da economia brasileira, Dilma deixou bem claro que não quer que o Brasil seja um mero exportador de produtos primários, nem que haja predomínio do setor de serviços.
“Não acredito que o desenvolvimento possa abrir mão da indústria e se dedicar aos serviços. (...) Precisamos diversificar a pauta de exportações em direção a manufaturados de maior valor agregado.” E conclui, citando Celso Furtado. “Somos senhores do nosso próprio destino.”