Coronavírus: nova variante pode ter surgido no Brasil (Amanda Perobelli/Reuters)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 30 de novembro de 2020 às 13h01.
Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 07h54.
O governo de São Paulo anunciou nesta segunda-feira, 30, que todo o estado vai entrar na fase 3 amarela do Plano São Paulo, para conter o avanço da covid-19. Na prática, a medida afeta a Região Metropolitana de São Paulo e mais cinco regiões que já estavam na fase 4 verde, em uma escala que vai de 1 - a mais restrita - até 5. As demais regiões estavam na fase amarela.
A regra tem validade até o dia 4 de janeiro, mas o governo disse que vai passar a acompanhar os dados semanalmente, antes eles eram analisados a cada 28 dias.
A restrição se refere à capacidade e ao horário de atendimento de comércio, shoppings, bares e restaurantes. Na fase 3, a capacidade é de 40%. Na fase 4 verde, que estava em vigor, era de 60%. Em relação ao horário, os estabelecimentos podem abrir no período máximo de 10 horas por dia, antes não havia restrição.
Outra mudança é que os estabelecimentos só podem funcionar até as 22 horas. Na cidade de São Paulo estava autorizada a abertura até 23 horas. Eventos com público em pé, que estavam autorizados desde outubro, voltam a ser proibidos.
Ainda de acordo com o governo do estado, a decisão de deixar a quarentena mais restrita não afeta a rede de ensino. O retorno às aulas presenciais está autorizado no estado desde o dia 7 de outubro, seguindo os protocolos de segurança. Na capital paulista, as aulas só são permitidas para o ensino médio e superior. O ensino infantil e fundamental só pode ter atividades extracurriculares. As prefeituras têm autonomia para deixar as regras mais restritas.
“Com o claro aumento da instabilidade da pandemia, decidimos que 100% do estado de São Paulo vai retornar para a fase amarela. Não fecha comércio, nem bares, nem restaurantes. Não fecha comércio mas é mais restritiva para conter a doença”, disse o governador João Doria em coletiva de imprensa.
O governo de São Paulo decidiu adiar a reclassificação da quarentena no estado, que estava prevista para o dia 16 de novembro, para esta segunda-feira. Um problema no sistema do Ministério da Saúde, que compila todos os dados da pandemia, motivou a alteração.
Alguns dados chegaram a ficar represados, mas foram computados em grande parte na semana entre 9 e 13 de setembro. Na quarta-feira, 25, o estado de São Paulo teve um pico de 8.900 novos casos confirmados de covid-19, o valor mais alto desde o fim de setembro. Em relação às mortes, o pico da semana passada foi na terça-feira, 24, com 179 novas confirmações.
Segundo o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, a alta nas internações de pacientes com a covid-19 em hospitais foi o que motivou a mudança na quarentena. Na última semana, o estado teve 1.259 novas internações de pessoas com a covid-19. Este valor foi 7% superior ao registrado na semana anterior, que era de 1.180. Apesar da alta, o valor ainda é mais baixo do que registrado no pico em julho, quando havia 1.900 solicitações de internações.
A taxa de ocupação de leitos de UTI está em 59% na Grande São Paulo, e 52% em todo o estado. Estes valores chegaram a ficar abaixo de 50% entre o fim de outubro e o começo de novembro.
Para ampliar a capacidade de atendimento, há duas semanas o estado suspendeu o agendamento de cirurgias eletivas em hospitais públicos e privados de São Paulo. Cirurgias eletivas são aquelas não urgentes, marcadas com antecedência.
O prefeito reeleito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), disse nesta segunda-feira, 30, em entrevista à GloboNews que a cidade não vai ter um lockdown para frear o avanço da covid-19. Ainda segundo ele, a decisão do governo estadual de deixar para hoje a revisão da quarentena não foi proposital para coincidir com o término das eleições municipais.
“Cancelamos os grandes eventos de final de ano. A cidade de São Paulo não há espaço para o discurso alarmista de que teremos um novo lockdown e também para dizer que a pandemia já acabou. É preciso evitar aglomeração, usar máscara, álcool gel. A flexibilização não é o fim dessa guerra”, enfatizou Covas.