Microcefalia: nas duas primeiras semanas de 2016 foram notificados 728 casos suspeitos da má formação (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2016 às 17h37.
Brasília - Com 3.893 notificações de casos suspeitos de microcefalia causada pelo vírus Zika, o Ministério da Saúde confirmou 230 até agora.
Boletim epidemiológico divulgado hoje (20) mostra que as notificações foram registradas em 764 municípios de 21 unidades da federação.
Desde outubro do ano passado a notificação de microcefalia pelo sistema de saúde é obrigatória, em função do aumento inesperado da ocorrência da malformação devido ao vírus Zika.
Nas duas primeiras semanas de 2016 foram notificados 728 casos suspeitos de microcefalia.
O ministério descartou 282 registros da malformação. Foram registradas também 49 mortes pela malformação congênita, e destas, seis tiveram confirmada a relação com o vírus Zika.
O boletim traz o resultado da investigação laboratorial do sexto caso, um bebê com microcefalia em Minas Gerais, que teve a relação com o zika diagnosticada em laboratório.
De acordo com o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, os sistemas de saúde dos estados estavam interpretando de forma diferente o protocolo para registro dos casos.
Por isso, houve problemas para a confirmação.
O governo, então, criou um protocolo para que as interpretações sejam unificadas. “Nos próximos boletins talvez possamos falar com mais segurança dos casos confirmados e descartados”, disse o diretor.
Pernambuco, com 1.306 casos suspeitos, 33% do total, é o que tem o maior número de registros. Em seguida estão Paraíba, com 665 casos, Bahia, com 496 e o Ceará, com 216. O Rio Grande do Norte tem 188 casos.
Carnaval
Apesar da intensa circulação de pessoas pelo país durante o carnaval, Maierovitch acredita que não haverá ampliação da área afetada pelo vírus, porque ele está presente em praticamente todos os estados.
O que pode acontecer é que as pessoas peguem a doença no lugar que estão visitando, disse o diretor, acrescentando que o zika não é transmitido de pessoa para pessoa.
O diretor ressalta que a prioridade do Ministério da Saúde é prevenir a malformação e o controle do mosquito.
Notificação
Segundo Maierovitch, o ministério estuda alterar a metodologia de notificação do zika. Atualmente é usado o método sentinela, pelo qual alguns casos de uma região são comprovados laboratorialmente e os seguintes por diagnóstico clínico.
Os serviços de saúde não são obrigados a registrar todos os casos da doença uma vez que a capacidade de diagnóstico é baixa e, 80% dos infectados não apresentam sintomas.
A capacidade atual dos laboratórios é de aproximadamente mil diagnósticos de zika por mês.
A expectativa é que nos próximos meses a capacidade chegue a 20 mil. Maierovitch disse que, mesmo que o método de registro continue sendo o sentinela, a representatividade com esta nova capacidade de notificação estará mais próxima da realidade.