O ministro da Economia, Paulo Guedes (Adriano Machado/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 05h53.
Última atualização em 17 de janeiro de 2019 às 06h23.
As relações com a China são um ponto nevrálgico para o governo Bolsonaro. Tanto é que, em apenas oito dias, o embaixador chinês, Yang Wanming, visitou duas vezes integrantes do alto escalão. Na semana passada, foi a vez do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, e agora será do ministro da Economia, Paulo Guedes. O encontro desta quinta-feira, 17, contará ainda com a participação de Marcos Troyjo, secretário especial do comércio exterior e assuntos internacionais, e de Rodrigo Godinho, assessor para assuntos internacionais.
Na pauta, estão assuntos relacionados às relações comerciais entre os dois países. No ano passado, a China foi o principal parceiro comercial e investidor do Brasil, respondendo por 26,8% das exportações brasileiras (que somaram US$ 64,2 bilhões) e 19,2% das importações (que atingiram US$ 29,5 bilhões), de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Mas a conversa não deve se limitar a temas econômicos e deve adentrar a seara política. É que, durante a campanha eleitoral, o então candidato Jair Bolsonaro, seguindo os preceitos de Donald Trump, direcionou a artilharia para a China. Acusou o país de estar comprando o Brasil. O mal-estar diplomático se agravou com a nomeação de Ernesto Araújo para a chancelaria. Antes de assumir o Itamaraty, Araújo escreveu artigos e ensaios dizendo que o gigante asiático vivia um sistema “disfarçado de pragmatismo e abertura econômica”.
Agora, aliados de Bolsonaro parecem reconhecer que têm mais a perder do que a ganhar se indispondo com a China. Na terça-feira, um grupo de parlamentares de seu partido, o PSL, viajou ao país para conhecer seu avançado sistema de reconhecimento facial — a ideia é apresentar um projeto de lei obrigando repartições públicas brasileiras a adotar a tecnologia.
A diplomacia é importante também porque, na próxima semana, Bolsonaro embarca para Davos para participar do Fórum Econômico Mundial. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o presidente será o primeiro latino-americano a discursar na sessão inaugural do evento. O espaço privilegiado foi dado pelos organizadores diante do interesse internacional que existe em torno do Brasil e de seu novo governante.