(Alan Santos/PR/Divulgação)
Reuters
Publicado em 15 de março de 2021 às 16h53.
Última atualização em 15 de março de 2021 às 17h01.
O governo do presidente Jair Bolsonaro foi denunciado nesta segunda-feira no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra pela gestão que faz da pandemia de covid-19, doença que já matou mais de 278.000 pessoas no Brasil, maior número do mundo atrás apenas dos Estados Unidos.
A denúncia foi feita pelas organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos Comissão Arns e Conectas Direitos Humanos, que apontaram que o governo Bolsonaro levou o país a uma "devastadora tragédia humanitária".
"Viemos aqui hoje para criticar as atitudes recorrentes do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia", disseram as entidades ao conselho.
"Ele desdenha das recomendações dos cientistas; ele tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção — como o uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes; paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos brasileiros para parar 'de frescura e mimimi'."
Por várias vezes Bolsonaro minimizou a pandemia de covid-19, afirmando que ela estava sendo superdimensionada e classificando a doença de "gripezinha".
Ele também ataca constantemente as medidas de distanciamento social e restrições adotadas por governadores e prefeitos, além de raramente usar máscaras e de frequentemente promover aglomerações, desrespeitando assim recomendações de entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), para conter a disseminação do vírus.
O presidente também já criticou vacinas e chegou a comemorar como uma vitória pessoal a breve interrupção, determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos testes no Brasil da Coronavac, vacina contra covid-19 do laboratório chinês Sinovac que foi testada no Brasil pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo do estado de São Paulo.
Bolsonaro chegou a afirmar que seu governo não compraria a Coronavac e que ela não inspirava confiança por causa de sua origem chinesa. Atualmente, no entanto, a vacina da Sinovac responde pela esmagadora maioria das doses disponíveis na campanha nacional de vacinação contra a covid-19.
Ele também defende medicamentos sem comprovação científica no tratamento da covid, como a hidroxicloroquina, e afirma, contrariando as evidências disponíveis, que juntamente com outros remédios o medicamento, usado no tratamento de malária e doenças autoimunes, compõe um "tratamento precoce" contra o coronavírus.