Maduro: presidente venezuelano chamou seu embaixador em Brasília de volta após afastamento de Dilma Rousseff (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2016 às 11h59.
Brasília - O governo interino do Brasil, presidido por Michel Temer, "analisa" a decisão da Venezuela de chamar seu embaixador em Brasília, Alberto Castellar, após a suspensão das funções da presidente Dilma Rousseff, disseram neste sábado à Agência Efe fontes oficiais.
Porta-vozes da Chancelaria brasileira explicaram que ainda não foi decidido se será dada uma resposta ao anúncio feito pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que nesta sexta-feira revelou que havia "pedido" ao embaixador Castellar que viajasse para Caracas após o que classifica como "golpe de Estado" contra Dilma.
Quando Maduro fez o anúncio, que não chegou a explicar se supunha o que a diplomacia classifica de "ligação a consultas", quando Castellar já estava na capital venezuelana e de fato tinha se reunido com o próprio presidente e a chanceler, Delcy Rodríguez.
Em discurso pronunciado em emissora de rádio e televisão, Maduro qualificou a decisão do Senado brasileiro de "canalhice contra Dilma, contra sua honra, contra a democracia, contra o povo brasileiro".
Quase ao mesmo tempo, a Chancelaria brasileira, agora dirigida pelo veterano político José Serra, emitiu dois comunicados nos quais rejeitou as opiniões proferidas pela Unasul, a Alba, e os governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua sobre a suspensão de Dilma Rousseff.
Serra é o primeiro chanceler político que o Brasil tem desde 2002 e por seu cunho conservador era previsto um forte giro na política externa do país, que começou a se expressar nesta sexta-feira, no dia seguinte que Temer assumiu o poder após a suspensão de Dilma.
Em uma nota, o Brasil acusou os "bolivarianos" de "propagar falsidades" e, em comunicado separado, "repudiou" a posição do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, que considerou "incompatíveis" com seu cargo.
Samper, que presidiu a Colômbia entre 1994 e 1998, considerou que o processo iniciado no Brasil poderia violar "o princípio de separação de poderes" ao outorgar ao parlamento "a possibilidade de criminalizar atos administrativos".
Os governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, por sua vez, advertiram sobre uma possível "ruptura democrática" e tanto Maduro como o presidente boliviano, Evo Morales, qualificaram o ocorrido com Dilma como um "golpe".