Brasil

Governo ainda não distribuiu 3 milhões de doses de vacina doadas pelos EUA

A informação foi confirmada pelo governo federal por meio de nota após a situação ser criticada em coletiva de imprensa pelo governador de São Paulo, João Doria, nesta quarta-feira

 (Eduardo Frazão/Exame)

(Eduardo Frazão/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2021 às 15h07.

Última atualização em 30 de junho de 2021 às 17h46.

Quatro dias após o recebimento da remessa, o Ministério da Saúde ainda não distribuiu as 3 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Janssen doadas pelos Estados Unidos. A informação foi confirmada pelo governo federal por meio de nota após a situação ser criticada em coletiva de imprensa pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nesta quarta-feira, 30.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que aguarda uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "A expectativa é que a liberação seja realizada ainda hoje para que a distribuição seja feita em até 48 horas", alegou.

Em resposta aos questionamentos da EXAME, a Anvisa afirma, em nota: "Nesta quarta-feira, 30/06, o Ministério da Saúde apresentou documentação referente à carga de 947.650 doses de vacina para Covid-19 da fabricante Janssen enviadas ao Brasil e a Anvisa realizou a liberação do lote para fins de distribuição. Contudo, a Agência ainda não recebeu documentação relativa à outra carga, de 2.052.350 doses".

A Agência ainda completa: "As vacinas doadas pelos Estados Unidos ao Brasil, que chegaram pelo Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP) entre os dias 25/06  e 26/06, foram desembaraçadas com prioridade pela Anvisa na mesma data em que chegaram ao país, sob compromisso do importador e fiel depositário da carga, que é o próprio Ministério da Saúde, de prestar as informações complementares necessárias previamente à distribuição das vacinas", em nota.

Doria exigiu a "imediata liberação" pelo governo federal. "As vacinas ainda não foram distribuídas para o sistema nacional de imunização. Até dá a impressão que o Ministério da Saúde não tem pressa. Nós temos", declarou.

São Paulo espera receber 678.000 doses do total. "É muita vacina guardada na prateleira quando já deveria estar no braço dos brasileiros", acrescentou Doria. "Ministro [da Saúde, Marcelo Queiroga], nós pedimos que o senhor delibere e faça a gestão junto ao seu próprio ministério para que essas vacinas sejam liberadas."

53% da população paulista adulta tomou ao menos uma dose da vacina

Segundo o governo, 53% da população paulista de 18 anos ou mais recebeu pelo menos uma dose de uma das vacinas contra a doença autorizadas no país. Ao todo, 18% dos adultos tiveram a vacinação completa. Mais de 25 milhões de doses foram aplicadas no estado.

O atual calendário estadual prevê a ampliação para a população de 35 a 39 anos entre 15 e 29 de julho e, ainda, para a de 30 a 34 anos de 30 de julho a 15 de agosto. Na sequência, será a vez daqueles de 25 a 29 anos (de 16 a 31 de agosto) e de 18 a 24 anos (de 1º a 15 de setembro).

São Paulo tem 3.719.586 casos e 126.937 óbitos confirmados por covid-19, de acordo com o governo estadual. A taxa de ocupação é de 75,4% em UTI e de 69,5% em leitos de enfermaria 56,6%.

Na terça-feira, 29, Doria havia afirmado que o estado discute a possibilidade de antecipar o calendário de vacinação contra a covid-19 com a chegada de novas doses do imunizante, porém, afirmou nesta quarta que um eventual anúncio ocorrerá apenas em 7 de julho, mediante avaliação. Remessas de 1 milhão de doses prontas de Coronavac e de 528.840 da vacina fabricada pela Pfizer e a BioNTech desembarcaram em aeroportos de São Paulo na noite de terça-feira.

As datas da campanha de vacinação sofreram alterações nas últimas semanas. A capital paulista chegou a suspender temporariamente a aplicação semana passada, por falta de doses.

A média móvel de novas internações relacionadas à covid-19 (calculada com base nos registros dos últimos sete dias) foi de 1.993 na terça-feira. Ela está em queda desde 12 de junho, quando era de 2.760. Ainda é, contudo, superior às taxas de fevereiro (foi de 1.454 em 15 de fevereiro, por exemplo) e de qualquer período de 2020 (o auge naquele ano foi de 1.972, em 16 de julho).

Já a terça-feira teve uma média móvel de 548 óbitos por dia. A taxa está em um momento de estabilização, mas em patamar ainda bastante superior às médias anteriores a março. Em 23 de fevereiro, por exemplo, ela foi de 214 mortes diárias. Além disso, é mais do que o dobro do recorde do ano passado (219, em 15 de setembro).

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importantes em tempo real.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusJoão Doria JúniorMinistério da SaúdePandemiaSaúde no Brasilvacina contra coronavírusVacinas

Mais de Brasil

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social

Polícia argentina prende brasileiro condenado por atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado