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Governo afasta investidor e viraliza ódio, afirma Maia

Para Rodrigo Maia, governo não tem priorizado as reformas na economia

Rodrigo Maia: "O governo prometeu muito, mas não entregou. Tinha uma previsão de crescimento de 2,5% e cresceu 1.1%" (abio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: "O governo prometeu muito, mas não entregou. Tinha uma previsão de crescimento de 2,5% e cresceu 1.1%" (abio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 7 de março de 2020 às 09h52.

Última atualização em 8 de março de 2020 às 09h01.

São Paulo — A uma semana das manifestações contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), subiu o tom das críticas ao presidente Jair Bolsonaro.

Ao participar de um debate em São Paulo, ontem, Maia disse que o entorno do governo tem uma estrutura para "viralizar o ódio" por meio de fake news e que Bolsonaro afasta investidores ao gerar incertezas sobre seus compromissos com a democracia e o meio ambiente.

"Não temos os recursos e a estrutura que o entorno do governo tem para viralizar tantas fake news como tem sido feito nas últimas semanas", afirmou o deputado do DEM, durante palestra sobre a agenda parlamentar em 2020 no Instituto Fernando Henrique Cardoso, no centro de São Paulo.

Maia tem sido um dos principais alvos de mensagens contra o Congresso que circulam em redes sociais de apoiadores do governo. Ele buscou outras autoridades e empresários para tentar uma resposta conjunta ao que classifica como escalada autoritária (mais informações nesta página).

Maia abriu seu discurso de ontem dizendo que vivemos uma "contestação das democracias liberais" e que a tecnologia virou um campo de ataque às pessoas. "Nada disso custa pouco. Um robô custa US$ 12 por mês." Em dezembro, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), antiga apoiadora de Bolsonaro, afirmou à CPMI das Fake News, que um dos mais ativos grupos de propagadores de notícias falsas e ataques pessoais é o chamado "gabinete do ódio", integrado por assessores especiais da Presidência. Parlamentares que acompanham os trabalhos da CPMI estimam que uma estrutura deste tipo custaria R$ 1,5 milhão por mês.

Economia

Dois dias após o anúncio do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, que frustrou economistas, o presidente da Câmara afirmou que a omissão do governo pode levar ao "estancamento de reformas". "O governo prometeu muito, mas não entregou. Tinha uma previsão de crescimento de 2,5% e cresceu 1.1%." O parlamentar criticou, ainda, a demora no envio das propostas do Executivo para as reformas tributária e administrativa.

Segundo ele, a reforma da Previdência "foi abandonada pela equipe do governo". "Foi o Parlamento quem colocou a pauta e tocou a pauta", disse. Para Maia, "o Parlamento precisa não só reformar o Estado, mas também reformar os setores" como forma de atrair capital estrangeiro.

Enquanto comentava a economia, Maia lembrou um encontro recente com empresários europeus. Afirmou que investidores de outros países lhe disseram que deixaram de colocar dinheiro no Brasil por causa do presidente Bolsonaro. "O governo gera uma insegurança grande para sociedade e para os investidores. As pessoas estão deixando de investir pela questão do meio ambiente e pela questão democrática."

Sentado ao lado Maia na palestra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também criticou o governo. "Quando o presidente não exerce o poder, outras forças exercem. Quando a liderança não exerce o papel de agregação, as coisas não andam", afirmou o tucano, para quem falta rumo à gestão Bolsonaro. Ao final de seu comentário, FHC teceu elogios ao presidente da Câmara. "Graças a Deus temos lideranças no Congresso. A principal delas está aqui ao meu lado."

Apesar disso, Maia afirmou que o Congresso não quer ter "um milímetro do que é responsabilidade do Executivo". "Cria-se conflitos onde não existe em um País com 11 milhões de desempregados. Não podemos discutir uma coisa criada para viralizar o ódio, que é essa questão de parlamentarismo branco", disse.

Desequilíbrio

O termo parlamentarismo branco foi usado pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, flagrado em uma transmissão nas redes sociais em 18 de fevereiro dizendo que o governo "não pode aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo", ao se referir ao Congresso.

A divulgação das declarações do ministro passou a ser utilizada por grupos bolsonaristas para convocar para o ato contra os parlamentares. Em sua fala ontem, Maia disse que Heleno tornou-se o "ministro do desequilíbrio". "Transformam temas falsos em verdades nas redes sociais para gerar um inimigo contra o governo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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