Cosud: Consórcio vai debater mudanças climáticas (Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 19 de outubro de 2023 às 18h00.
Última atualização em 19 de outubro de 2023 às 18h44.
Os governadores dos estados do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (COSUD) valorizaram a formalização do bloco e falaram sobre mudanças climáticas em discursos durante a abertura do nono encontro nesta quinta-feira, 19. Dos sete estados do bloco, dois, Rio de Janeiro e Espírito Santo, não enviaram representantes para participar do início do evento.
No evento, que acontece até sábado, 21, os estados devem propor iniciativas conjuntas para os principais setores da administração pública, em especial para o meio ambiente e a segurança pública. Nos três dias de evento, secretários e gestores estaduais das regiões se dividirão em grupos de trabalho para elaboração de políticas públicas em conjunto. No fim do encontro, uma carta de intenções deve ser assinada pelos estados com medidas.
Em sua fala, a vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm, destacou que o grupo pode pensar soluções em conjunto e sugeriu a criação de um fundo para lidar com as emergências climáticas. “Precisamos colocar em pauta a questão ambiental”, disse. O estado sofre com fortes chuvas e mais de 130 municípios estão em estado de emergência. O governador Jorginho Melo não participou do evento para atender os municípios em alerta.
Na mesma linha, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sugeriu a criação de um órgão de monitoramento climático unificado para todos os estados do bloco. “Pela troca de experiência conseguimos pensar em soluções e ações conjuntas”, afirmou.
Leite também citou que o grupo pode defender, de forma conjunta, os interesses dos estados em questões federativas, como a reforma tributária.
O chefe do executivo de Minas Gerais, Romeu Zema, destacou que este é o primeiro encontro do consórcio após a maioria dos estados aprovar a criação do órgão em suas assembleias legislativas. “Para mim, que participo do Cosud desde o início, esse é o encontro mais marcante. Agora, somos uma instituição. Isso significa que juridicamente que podemos agir e ter uma atuação muito maior”, disse.
Zema reforçou que a ideia do grupo não é dividir, mas somar. A fala do mineiro aconteceu após, no último encontro do bloco de estados, ele afirmar que diferentemente dos estados de outras regiões, Minas, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm “uma proporção maior de pessoas que trabalham em vez de viver de auxílio emergencial”. Após críticas, o governador disse que foi mal interpretado.
Ratinho Júnior, governador do Paraná e presidente do Cosud, disse que o grupo vai servir para as administrações estaduais conseguirem melhor planejamento a longo prazo. “A ideia é dar oportunidade para fazermos um grande planejamento estratégico para os próximos 5, 10, 20 e 50 anos”, afirmou. Ele reforçou a necessidade do trabalho em conjunto para lidar com a questão ambiental e citou ainda a possibilidade da criação de um banco de fomento do consórcio.
Último a discursar, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que o problema ambiental veio para ficar e os estados precisam se preparar para lidar com a situação. “Temos que pensar como vamos nos preparar, estabelecer um sistema de monitoramento, tornar as cidades mais resilientes, socorrer as pessoas e recuperar as áreas atingidas pelas chuvas. É um tema que estará na pauta do debate”, disse.
Tarcísio reforçou ainda a necessidade de os estados pensarem qual será o esforço necessário para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e como lidar com a transição energética. “Temos desafios como o das mudanças climáticas, pois vamos passar recorrentemente por situações de estiagem e de cheias. E isso tem a ver com a temática da sustentabilidade, que vai ser muito forte neste Cosud com o que de fato vamos fazer para descarbonizar o nosso planeta, como vamos fazer a recomposição de reservas florestais e também a transição energética”, afirmou.
O chefe do executivo paulista disse que as colaborações também passam pelo agronegócio, financiamento em saúde e combate ao crime organizado. “Nós também temos a oportunidade, e aí temos uma faixa importante de fronteira, de combater os crimes transnacionais. Então, o debate da segurança pública é fundamental, com integração de sistemas e de inteligência”, acrescentou.
Criado em 2019, o consórcio tem como objetivo “fortalecer cooperação entre os Governos de ambas as regiões e assim impulsionar ações socioeconômicas e ambientais em prol do Brasil”. Somadas, a população dos sete estados totalizam 114 milhões de habitantes. As economias das regiões Sul e Sudeste representam 70% do PIB nacional, segundo o IBGE.