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Governador não ouviu os conselhos que lhe dei, diz ex-sócio de Witzel

Advogado Fábio Osório lamentou que Witzel não tenha ouvido seus conselhos: livrar-se de colaboradores “de conduta imprópria” e não romper com Bolsonaro

Advogado frisa que teve com Witzel apenas uma relação republicana (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Advogado frisa que teve com Witzel apenas uma relação republicana (Fernando Frazão/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 07h21.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 07h22.

O advogado Fábio Medina Osório lamentou que o governador afastado Wilson Witzel, ex-sócio de seu escritório, não tenha ouvido seus dois conselhos: livrar-se de colaboradores “de conduta imprópria” e não romper com o presidente Jair Bolsonaro. Ele frisa que teve com Witzel apenas uma relação republicana.

O nome do senhor figura no relatório produzido pelo Ministério Público Federal para fundamentar a operação que afastou o governador Wilson Witzel, seu ex-sócio. O que pode dizer sobre isso?

A atuação do escritório no governo do Rio e em poderes públicos em geral sempre foi pautada pela legalidade e pela ética. Na relação com o governo do Rio, o escritório atuou em processos com procuração, petições, despachos e com interlocução institucional qualificada. As relações sempre foram republicanas.

O senhor intermediou o pagamento de uma dívida milionária do governo a Masgovi, fornecedora de quentinhas para o sistema penitenciário?

No caso Masgovi, houve atuação, com procuração nos autos, petições, obtendo descontos para o estado. O valor da dívida era de R$ 48.456.931,27. Houve desconto real de R$ 8.526.000,00 em benefício do governo; além disso, a Masgovi se comprometeu a investir R$ 10 milhões na conclusão de duas indústrias lácteas no Rio, que vão gerar mais de 200 empregos diretos e o retorno do valor quitado pelo estado em até cinco anos pelo ICMS. Esta petição passou pelos dois secretários, da Fazenda e da Seap. Em razão do desconto, você obtém o valor antecipado. Negociação normal.

Após ser eleito, Witzel recebeu cerca de R$ 500 mil, como honorários, ao deixar a sociedade de seu escritório, com pouco mais de dois meses de trabalho. Como justifica o pagamento?

Ele deixou a magistratura para ingressar no meu escritório. As chances de virar governador eram mínimas. Tinha um contrato de três anos conosco. Era meu amigo e tinha potencial de gerar projetos pela experiência na magistratura. Mas não deu tempo de trabalhar porque foi para a campanha política. Ficou combinado que eu não daria luvas ou honorários no período de campanha eleitoral. Só depois. Não queria correr o risco de que ele drenasse esses recursos para a campanha. Ninguém acreditava na vitória dele. Foi grande surpresa para todos nós. Quando retornou, já vitorioso, decidimos desligá-lo do escritório. Na rescisão, fizemos um cálculo do que ele ganharia e entramos num acordo. Deu prejuízo, mas foi justo. Nós convidamos, e ele saiu da magistratura por nossa causa.

Como ficou amigo de Witzel?

Eu o conheci quando ele era presidente da Ajufe-RJ (Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro) e nós éramos advogados da Ajufe no Brasil. Tínhamos boa relação, que foi se aprofundando em encontros e seminários. Procurou meu escritório para advogar. Eu não sabia que ele tinha parceria com outros escritórios.

Que fatores pesaram para seu afastamento?

Não ouviu os conselhos que lhe dei. Não devia ter se afastado do presidente Bolsonaro e se lançar precipitadamente candidato à Presidência. Também errou ao manter colaboradores que mancharam sua imagem. Alguns estão presos. Não precisa dizer mais nada.

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